Lula diz que venceu a eleição, mas não derrotou o bolsonarismo: "Os malucos estão na rua"
Em discurso a sindicalistas, presidente chamou homem que ofendeu Moraes de "canalha" e voltou a prometer picanha mais barata
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (23) que “malucos estão na rua”, em referência a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em discurso para sindicalistas em São Bernardo do Campo (SP), o petista disse que pretende fazer com que o país “volte a ser civilizado” e pediu mobilização da classe trabalhadora:
"Vocês têm que estar preparados, porque nós derrotamos o Bolsonaro, mas não derrotamos o bolsonarismo ainda. Os malucos estão na rua. Tem pessoas xingando pessoas, e nós queremos fazer com que este país volte a ser civilizado. As pessoas não têm que se gostar, têm apenas que se respeitar".
Ao falar sobre casos de intolerância, Lula lembrou do entrevero envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma, na semana passada. O presidente chamou o empresário Roberto Mantovani Filho, suspeito de ter agredido Moraes, de “canalha” e exaltou a expulsão de Mantovani do quadro de filiados do PSD, partido comandado por Gilberto Kassab.
Lula também destacou em seu discurso a proibição à venda de pistolas calibre 9 milímetros, uma das medidas contidas no pacote de segurança anunciado na sexta-feira pelo governo. Segundo ele, a liberação da venda desse armamento favorecia o crime organizado.
O presidente falou por pouco mais de 20 minutos na cerimônia de posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, do qual ele próprio já foi presidente. O petista subiu ao palco acompanhado pela primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Também estiveram no evento os ministros Márcio França (Portos e Aeroportos), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Silvio Almeida (Direitos Humanos), bem como a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), e o secretário executivo do Ministério do Trabalho, Chico Macena.
No retorno ao seu berço político, Lula fez acenos aos trabalhadores e renovou o compromisso de garantir reajuste salarial acima da inflação durante os anos de seu terceiro mandato no Planalto. Voltou também a prometer picanha mais barata, repetindo um dos mantras de sua campanha no ano passado.
"A gente vai fazer com que o povo possa voltar a comer a tal da picanha. Tem muita gente que não sabe o carinho que o povo tem por uma picanha. Mas uma picanhazinha no final de semana com a família reunida, com os amigos reunidos e uma cervejinha gelada, é tudo o que a gente quer. E vocês perceberam que a comida está baixando (os preços). Vocês perceberam que a carne está baixando. A gente vai voltar a consumir um pouco mais, porque é para isso que a gente nasce. A gente nasce não para sofrer. A gente nasce para viver bem", declarou.
Lula disse que irá dedicar seu mandato para a redução da desigualdade social. Afirmou que seu compromisso “não é com empresários” ou com banqueiros:
"Não tem nenhuma explicação que este país tenha 33 milhões de pessoas passando fome. Um país que acaba de bater recorde da produção de grãos, o primeiro produtor de carnes do mundo. Por que a gente tem que ver as pessoas na fila do osso? O meu compromisso não é com os banqueiros, meu compromisso não é com os empresários. Eles sabem que o meu compromisso é com o povo trabalhador deste país".
Mais cedo, Lula fez uma infiltração para amenizar dores na região do quadril, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. De acordo com a assessoria de imprensa da Presidência, o petista, de 77 anos, deve fazer uma cirurgia entre outubro e dezembro deste ano. Após discursar, Lula assistiu a um show da cantora Maria Rita. Ele deve retornar a Brasília ainda neste domingo (23).