PF prende bombeiro em nova operação sobre morte de Marielle e Anderson no Rio de Janeiro
Agentes cumprem sete ordens de busca e apreensão na capital fluminense e na Região Metropolitana
A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio deflagraram nesta segunda-feira a Operação Élpis, na primeira fase de uma nova investigação sobre os homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e a tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, no Centro da capital fluminense, em março de 2018.
De acordo com a PF, foi cumprido um mandado de prisão preventiva. O alvo é o bombeiro Maxwell Simões Correa.
Apontado como cúmplice do sargento da reserva da Polícia Militar Ronnie Lessa, acusado do duplo homicídio, o sargento já havia sido preso em junho de 2020 durante a Operação Submersos II. Segundo o MP, Maxwell era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam num apartamento de Ronnie Lessa.
Em fevereiro de 2021, Maxwell foi condenado a quatro anos de prisão por obstrução de Justiça no caso. Ele foi autorizado a cumprir a pena em regime aberto e prestar serviços à comunidade. No entanto, o Tribunal de Justiça acolheu recurso do Ministério Público para aumentar a pena para seis anos e estabelecer o regime fechado.
Os agentes também cumprem sete mandados de busca e apreensão na cidade do Rio e na Região Metropolitana.
O crime
Quinta vereadora mais votada da cidade nas eleições de 2016, Marielle Franco (PSOL), de 38 anos, foi executada no dia 14 de março, por volta das 21h30m, dentro de seu carro, no Estácio. Ela foi atingida por quatro disparos no rosto. Seu motorista, Anderson Pedro Gomes, também foi assassinado. Logo após o crime, amigos e políticos levantaram a hipótese de execução.
Em fevereiro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que a Polícia Federal iria "intensificar" a atuação em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro nas investigações sobre o assassinato. A decisão foi tomada após Dino se reunir com o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano Mattos.
Com a decisão, a Polícia Federal passou a ser mais atuante na força-tarefa do MP fluminense. Em 2019, um inquérito concluiu que havia uma organização criminosa dentro das forças policiais atuando para atrapalhar as investigações do assassinato da vereadora.
O assassinato da vereadora completou cinco anos este ano. O caso já passou pelas mãos de cinco delegados e quatro equipes de promotores. Até hoje, ninguém conseguiu responder quem mandou matá-la. A Polícia Federal já desvendou um esquema de suborno para atrapalhar a elucidação do crime. Mesmo assim, o Superior Tribunal de Justiça barrou uma tentativa de federalizá-lo.
Ao negar o pedido, a ministra Laurita Vaz criticou a imprensa e elogiou o “evidente empenho” e o “excelente trabalho” das autoridades locais. Até aqui, a polícia só prendeu dois acusados pela execução do crime: os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. Eles ainda não foram levados a júri e nada disseram sobre os mandantes, nem sobre o paradeiro da submetralhadora usada na noite de 14 de março de 2018.