Luxo de Ronnie Lessa após morte de Marielle e Anderson impressionou delator
Segundo Élcio, Ronnie tinha uma Range Rover Evoque, uma Dodge Ram blindada e uma lancha
Em delação premiada, o ex-policial militar Élcio de Queiroz falou sobre a possibilidade de Ronnie Lessa ter recebido dinheiro para matar Marielle Franco e Anderson Gomes. Ele diz que Ronnie sempre jurou não ter recebido nada para cometer o crime, mas que o crescimento no patrimônio do ex-PM fez com que ele desconfiasse dessa afirmação. Segundo Élcio, Ronnie tinha uma Range Rover Evoque, uma Dodge Ram blindada e uma lancha. Além disso, custeava duas casas e ainda fazia manutenção em um terreno em Angra dos Reis.
"Depois do fato, vi um acréscimo muito grande no patrimônio [dele]. Tinha a Evoque, comprou uma Dodge Ram blindada; uma lancha nova, viajou com o meu filho, depois teve a situação do terreno dele de Angra dos Reis", contou ele.
Em 2019, ao cumprirem um mandado de busca e apreensão na casa do suposto atirador, investigadores encontraram a planta de um muro de três metros de altura, aprovada pela prefeitura de Angra dos Reis. A construção cercaria o terreno de quase 3.500 metros quadrados de Lessa, no Portogalo. O local foi avaliado em R$ 1,2 milhão.
Ele já havia efetuado um orçamento, de R$ 123 mil, para a obra. Além desses custos, Ronnie também pagava R$ 2.049,95 em uma vaga para sua lancha, que custou R$ 261.449,95. Ele também era proprietário de um imóvel no condomínio Píer 51, em Mangaratiba, e de uma casa no Vivendas da Barra.
Segundo Élcio, a esposa de Ronnie reclamava que ainda vivia de aluguel enquanto ele gastava dinheiro fazendo obras no terreno de Angra dos Reis.
"Aí eu falei com ele: 'pô cara, ao invés de fazer sua casa, você tá gastando dinheiro com casa de praia, podendo fazer sua casa, o seu pessoal tá chateado', e ele falou: 'cara, eu tenho dinheiro pra fazer essa casa e fazer a da Barra, dinheiro eu tenho para as duas'", relembrou ele.
Na delação, Élcio diz que perguntou à Ronnie, no dia do crime, se tinha dinheiro envolvido. Segundo ele, Ronnie respondeu: "Não, é pessoal".
Apesar de alegar não ter recebido nada, Ronnie não relutava em ajudar Élcio financeiramente. Depois do crime, ele conta que pegou R$ 5 mil empresado com Ronnie em pelo menos duas ocasiões. E que não chegou a pagar o ex-PM em uma delas.
"Eu falei segura um pouco aí, e ele falou 'não, pode ficar, quando der'. E aí foi empurrando com a barriga. Ele também não cobrou e ficou assim", explicou ele.
De acordo com Flávio Dino, Élcio de Queiroz confessou ter dirigido o carro usado no ataque à vereadora e confirmou que o autor dos disparos foi Ronnie Lessa. O bombeiro Maxwell Simões Correa, o Suel, preso no início desta manhã, foi responsável por fazer campanas para descobrir a rotina da vereadora.
Já o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, observou que o ex-sargento do Corpo de Bombeiros participou antes, durante e depois do crime: além de suporte logístico, ele realizou monitoramentos e ainda destruiu uma das provas do homicídio — o carro que foi utilizado também para transporte de armas.
Quem é Élcio de Queiroz?
Queiroz foi preso em março de 2019, em sua casa, no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio. No mesmo mês foram apreendidas, no guarda-roupas do quarto do ex-PM, duas pistolas, armas e munição. No carro dele, um Renault Logan prata, os agentes encontraram oito balas de fuzil.
O ex-PM é amigo de Ronnie Lessa, também ex-policial militar e que, segundo afirmou na delação premiada, foi quem atirou contra o carro de Marielle. Os dois estão presos em penitenciárias federais de segurança máxima.
Apesar da delação premiada, Queiroz seguirá preso. Ele e Lessa serão julgados pelo Tribunal do Júri pelas mortes da vereadora e de Anderson em data que ainda não foi definida.