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Lira diz que assunto da reforma ministerial está sendo "atropelado"

Presidente da Câmara negou que vá se reunir com Lula para tratar de uma possível entrada do PP  no governo

Lira e Lula - Mauro Pimentel/AFP

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira que o debate em torno de uma eventual reforma ministerial, para acomodar partidos do Centrão no governo Lula, está sendo "atropelado".

Questionado sobre uma possível entrada de seu partido no governo, Lira afirmou que a decisão se restringe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e negou que vá se reunir com ele para tratar do tema. Desde a semana passada, correm rumores sobre um encontro entre ambos para tratar do tema.

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— Não é só o PP. É o governo quem tem que discutir quem, quando, de que forma. A reforma ministerial é do Presidente da República, não dos partidos. Eu penso que esse assunto está sendo, de uma certa forma, atropelado. Não ajuda a governabilidade do governo, e o governo também tem que ajudar a se facilitar. O presidente da Câmara vai funcionar sempre como um facilitador das matérias — disse Lira, em um evento do Lide em São Paulo.

O deputado declarou que a única conversa que teve com Lula sobre o assunto se deu um dia após a aprovação da Reforma Tributária, momento em que teria parabenizado o Palácio do Planalto e mencionado a governabilidade.

— A única coisa que eu disse é que quanto mais o governo tiver facilidade no plenário, melhor para eles e melhor para mim.

Partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e responsável pelo maior número de ministérios do atual governo, o PT está disposto a ceder cadeiras que controla na Esplanada para abrigar os indicados do PP e Republicanos, em nome da governabilidade.

Até agora, contudo, as duas siglas do Centrão não chegaram a um consenso com o Palácio do Planalto sobre quais pastas vão comandar. Elas pleiteiam postos com visibilidade e orçamento robusto, mas que não coincidem com os espaços que o Executivo está desenhando no momento.

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e parlamentares aliados vêm estudando possíveis configurações para acomodar as duas forças do Centrão. Os cenários de mudança que estão em discussão serão levados nos próximos dias a Lula.

A ideia é ter um modelo de alterações em cascata, em que um ministro pode ser deslocado de uma pasta para outra, para dar lugar a dois nomes dos neoaliados. Nesse cenário, alguém perderá espaço.

Na semana passada, em coletiva de imprensa em Bruxelas, Lula afirmou que “não existe possibilidade” de abrir espaço na Casa Civil para o Progressistas (PP) e para o Republicanos serem incorporados ao governo.

Segundo o presidente, é de interesse do governo aumentar a base "para dar tranquilidade à governança dentro do Congresso Nacional", mas fez uma ressalva. Ele respondia a uma pergunta questionando se há possibilidade de o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), ir para a Petrobras e se há possibilidade de uma reacomodação buscando agradar PP e Republicanos.

— Não existe esta possibilidade. À medida que você tenha partidos que queiram participar da base, nós temos interesse em trazer esses partidos para dar tranquilidade a nossa governança dentro do Congresso Nacional. Mas quem discute ministro é o Presidente da República. Não é o partido que pede ministério, é o Presidente da República que oferece — declarou o presidente.