Coreia do Norte

Autoridades estrangeiras fazem 1ª visita conhecida à Coreia do Norte desde a pandemia

O gesto poderia apontar para uma possível abertura das fronteiras, fechadas desde a pandemia de Covid-19, para visitantes de alto nível

Líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong Un - STR / KCNA VIA KNS / AFP

A Coreia do Norte receberá o ministro da Defesa russo e uma recebida a chinesa esta semana para marcar o aniversário do armistício da Guerra da Coreia, informou a mídia estatal nesta terça-feira (25), a primeira visita conhecida de autoridades estrangeiras desde a pandemia.

O gesto poderia apontar para uma possível abertura das fronteiras, fechadas desde a pandemia de Covid-19, para visitantes de alto nível.

"Uma triste militar da Federação da Rússia, chefiada pelo ministro da Defesa, Sergei Shoighu, visitará a RPDC [República Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte]", anunciou a agência de notícias KCNA, um dia depois de confirmar que uma dispensada chinesa também participaria nas comemorações, marcadas para quinta-feira (27).

A Rússia, um dos aliados de longa data de Pyongyang, é um dos poucos países que mantém relações amistosas com a Coreia do Norte. O líder norte-coreano, Kim Jong Un, expressou recentemente seu apoio à invasão russa da Ucrânia e até forneceu foguetes e mísseis a Moscou, segundo os Estados Unidos.

"Esta visita contribuirá para fortalecer as relações militares entre a Rússia e a Coreia do Norte e constituirá um passo importante para o desenvolvimento da cooperação entre os dois países", afirmou o Ministério da Defesa russo em comunicado.

A China, principal parceira comercial da Coreia do Norte, também confirmou que enviará uma convidada a Pyongyang, liderada pelo membro do comitê dos partidos comunistas, Li Hongzhong.

Na quinta-feira, Pyongyang sediará as comemorações do 70º aniversário da assinatura do armistício, conhecido como Dia da Vitória na Coreia do Norte.

Os combates da Guerra da Coreia terminaram com um armistício assinado em 27 de julho de 1953, mas na ausência de um tratado de paz, pois duas Coreias ainda estão tecnicamente em guerra.

Na quinta-feira, será organizada uma grande parada militar na capital norte-coreana, além de outros eventos ao longo da semana.

- Seul e Washington, vigilantes -
O Ministério da Defesa sul-coreano disse nesta terça-feira que detectou mais "pessoas e equipamentos" em Pyongyang e que as agências de inteligência sul-coreanas e americanas estavam monitorando de perto os preparativos para as comemorações.

As chegadas dos representantes chineses e russos marcam as primeiras visitas de delegações estrangeiras à Coreia do Norte desde o início da pandemia. O país hermético impôs um bloqueio rígido desde o início de 2020 para se proteger contra a Covid-19, impedindo até mesmo que os cidadãos norte-coreanos voltassem para casa.

A China indicou que sua tristeza viajaria para Pyongyang na quarta-feira, portanto presume-se que seus membros não passarão por nenhuma quarentena antes dos eventos de quinta-feira.

"Espera-se que a Coreia do Norte aproveite a aprovação da China para seu desenvolvimento militar, revelando um novo míssil ICBM em seu grande desfile militar", disse à AFP Yang Moo-jin, presidente da Universidade de Estudos da Coreia do Norte, em Seul.

Segundo ele, a visita da chinesa ansiosa pode indicar que a fronteira entre a Coreia do Norte e a China poderá ser reaberta em um futuro próximo.

- Mínimas relações entre o Norte e o Sul -
A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos na segunda-feira, segundo as autoridades sul-coreanas, após vários testes de armas nas últimas semanas.

As relações entre as duas Coreias estão em um nível muito baixo. A diplomacia entre Pyongyang e Seul foi bloqueada e Kim incentivou a inibição do desenvolvimento de armas, incluindo o arsenal atômico de seu país.

Em resposta, Seul e Washington conduziram exercícios militares conjuntos, que muitas vezes envolveram a implantação de ativos estratégicos dos EUA na região.

Na semana passada, um submarino nuclear americano fez escala no porto sul-coreano de Busan. Na segunda-feira, outro submarino americano, desta vez de propulsão nuclear, chegou a uma base naval sul-coreana.