RETORNO

Após tragédia de desabamento, crianças moradoras do Conjunto Beira-Mar, em Paulista, voltam às aulas

Escola Municipal Paulo Freire preparou programação especial para retomada

Volta às aulas aconteceram na manhã desta terça-feira (25) - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O clima foi de saudade, na manhã desta terça-feira (25), na Escola Municipal Paulo Freire, em Paulista, Região Metropolitana do Recife. É que as crianças moradoras do Conjunto Beira-Mar, que desabou no último dia 7 de julho, voltaram às aulas.

Na quadra da instituição de ensino, as crianças participaram de uma contação de histórias para auxiliar na parte psicológica, após a perda de colegas na tragédia. Os estudantes também rezaram o 'Pai Nosso' e refletiram sobre a brevidade da vida e a partilha.

Márcia Barros é vice-diretora da escola. Ela conversou com a reportagem da Folha de Pernambuco e explicou como serão os próximos passos para os alunos.

"A gente tem estudando, junto à Secretaria de Educação, a contação de histórias para trazer esperança, solidariedade e a continuidade para essas crianças, porque, diante da tragédia, precisamos continuar a vida, e agora a gente foca na renovação e na transformação. Também temos o apoio de uma psicóloga para as famílias, professores e alunos que necessitarem", detalha.

Lígia Bezerra foi professora de Maria Flor, de 6 anos, que morreu abraçada com a mãe, Marcela Neves (42 anos) e o irmão, Wallace (10 anos) em uma cama de casal. Ela relembra o dia da tragédia e conta como recebeu soube do fato.

"Estávamos aqui na escola quando recebemos a notícia. Foi muito triste. Era o último dia de aula. Fomos até lá [no conjunto] e nos deparamos com aquela cena horrível. Hoje a gente está fazendo de tudo para que eles [os alunos] não se sintam tão tristes. Já produzimos corações na sala de aula, mas sempre tem um [aluno] que puxa a história de Maria Flor, afinal de contas, eram vizinhos", explica.

A gerente de apoio discente e educação comunitária da Secretaria de Educação do Paulista, Elizângela Melo, fala sobre os próximos passos neste ano letivo com os estudantes. Segundo ela, a equipe gestora está fazendo uma articulação para que o alívio psicológico aos alunos seja realizado de forma lúdica e suave.

"Qualquer alteração [de comportamento] que se veja necessário um acompanhamento psicológico, nós acionamos um departamento que temos na Secretaria de Educação que faz uma visita à escola e acompanha a criança. Caso o problema seja de ordem clínica, de saúde, um patamar ainda maior, existe a necessidade de uma articulação com a Secretaria de Saúde, para que um psicólogo clínico faça esse encaminhamento com a criança, para que suavize essa dor e as possíveis consequências que podem aparecer daqui pra frente", diz.

Adrian Santana, de 7 anos, aluno do primeiro ano, gostou da programação de hoje. Para ele, a escola é um espaço importante que oferece aprendizados para uma vida inteira.

"Eu estava com saudade da escola e dos meus amigos. A escola me ensina a escrever o meu nome, a me comportar direito e a desenhar. A gente vai crescendo e aprendendo mais. Eu gostei muito da atividade [contação de histórias e elaboração de corações verdes]", conta.