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FMI melhora previsão de crescimento para Brasil e AmLat este ano

Brasil deve crescer mais do que o previsto há três meses, devido "ao aumento da produção agrícola no primeiro trimestre de 2023"

Economia - Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A economia global crescerá 3% neste ano e no próximo, uma perspectiva "fraca", previu, nesta terça-feira (25), o Fundo Monetário Internacional (FMI), que considera "prioritário" continuar baixando a inflação.

A perspectiva de crescimento global "permanece fraca" e "se inclina para uma baixa", alerta o Fundo na atualização do seu Panorama Econômico Mundial.

"Ainda não estamos fora de perigo", disse à AFP Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI, em entrevista antes da publicação do relatório.

Brasil e México
A sorte também sorri para a América Latina e o Caribe, cuja economia crescerá 1,9% este ano (+0,3 pp).

Isso se deve principalmente ao impulso de suas duas locomotivas econômicas: o Brasil (2,1%, +1,2 pp) devido "ao aumento da produção agrícola" e o México (2,6%, +0,8 pp) devido à recuperação do setor de serviços e "aos efeitos derivados da resiliente demanda nos Estados Unidos", seu principal parceiro comercial.

Até 2024, a economia da região crescerá 2,2%, inalterada em relação às previsões anteriores.

A organização financeira espera também um forte crescimento da economia espanhola, de 2,5% (+1 pp) para este ano, e melhorou as previsões para o Reino Unido (0,4%), deixando a Alemanha como a única economia do G7 que deverá contrair este ano, 0,3%.

As previsões também melhoraram para a Rússia, para a qual o relatório do FMI em outubro passado previa uma recessão severa em 2023.

Em abril, já previa um crescimento de 0,7% para este ano, que agora sobe para 1,5% devido a "um grande estímulo fiscal".

Inflação alta
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou em maio que a covid-19 já não constitui uma "emergência mundial de saúde", as redes de abastecimento se recuperaram e os custos de envio e prazos de entrega voltaram aos níveis pré-pandemia, mas as motivos que desaceleraram o crescimento em 2022 "persistem", explica o FMI.

As previsões para este ano melhoraram apenas 0,2 ponto percentual (pp) em relação às de abril, porque a alta das taxas de juros para combater a inflação "continua impactando a atividade econômica" no mundo.

A inflação ainda afeta o poder de compra de muitas famílias, embora se espere que caia de 8,7% em 2022 para 6,8% em 2023 e 5,2% em 2024.

O núcleo da inflação (que exclui os preços voláteis de alimentos e energia) cairá "de forma mais gradual", informa a instituição financeira.

Prudência
Os preços de alimentos e energia caíram consideravelmente em relação aos picos de 2022, mas estão bem acima dos níveis pré-pandemia (cerca de 3,5%).

Há uma exceção: a China, onde a inflação está abaixo das metas estabelecidas.

A queda da inflação deve-se sobretudo à "queda dos preços da energia", que mostra que "a crise energética, em certa medida, ficou para trás", assim como "a desaceleração da atividade global", explicou Gourinchas em coletiva de imprensa imprensa nesta terça-feira.

Mas ainda assim a inflação "pode permanecer alta e até aumentar se houver novos choques, como a escalada da guerra na Ucrânia e eventos climáticos extremos", alerta o FMI no relatório.

Para os Estados Unidos, o Fundo espera que a economia cresça 1,8% (+0,2pp) e que a expansão caia para 1% em 2024 (-0,1pp) à medida que as poupanças acumuladas durante a pandemia se esgotem.

"Nos mantemos prudentes sobre a possibilidade de a economia dos EUA evitar uma recessão" e "fluir para sua meta de inflação sem uma recessão no futuro", disse Gourinchas à AFP.

A atividade econômica nas economias avançadas vem atrás: 1,5% em 2023 (+0,2 pp) e 1,4% no próximo ano (sem variação em relação a abril).

Grande parte do crescimento global virá de economias asiáticas emergentes e em desenvolvimento, como Índia (6,1% em 2023) e China (5,2% este ano e 4,5% em 2024, sem alterações em relação a abril).

Ainda assim, na China, a contínua fragilidade do setor imobiliário "está contendo os investimentos, a demanda externa continua fraca” e o nível de desemprego entre os jovens cresce (20,8% em maio de 2023).