MARIELLE FRANCO

"Não me dou o direito de desistir", diz Anielle sobre busca pelo mandante do assassinato de Marielle

Ministra da Igualdade Racial comentou como a família recebeu a notícia da delação de Élcio de Queiroz e da prisão de Maxwell Simões Corrêa, o Suel

Anielle e Marielle Franco - Arquivo pessoal

A ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, comentou, nesta terça-feira (25), como a família recebeu a notícia da delação premiada feita pelo ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz e a prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa.

Em entrevista ao programa Encontro, da TV Globo, ela disse que todos sentiram "um pouco de esperança" de que as perguntas que faltam serem respondidas: quem mandou matar Marielle e o por quê.

"Ao mesmo tempo que reconhecemos todo e qualquer trabalho que tenha sido feito até agora por qualquer órgão competente, a gente também se sentiu ali com um pouco de esperança de as duas principais perguntas (serem respondidas): o motivo de terem tramado, terem arquitetado um crime tão cruel contra a Mari, as motivações que levaram a assassinar a Mari com 13 tiros no corpo, cinco tiros só na cabeça, e quem mandou. Ao mesmo tempo que a família sente esperança, a gente caminha, com essa delação, para talvez novos fatos, como disseram o ministro da Justiça (Flávio Dino) e a Polícia Federal ontem, a gente também fica com o coração apertado de imaginar por que a minha irmã. Por que a nossa família. E o que leva alguém a cometer um crime tão cruel como esse", afirmou.

Ela contou que o pai, Antônio Francisco da Silva Neto, e a mãe, Marinete Silva, nunca desistiram da esperança de ver o mandante da execução de Marielle identificado:

"(Por isso) Não me dou esse direito de desistir enquanto a gente não descobrir quem mandou matar a Mari, enquanto a gente tiver com essa pergunta sem resposta, enquanto a gente infelizmente ainda tiver no país pessoas que incitam o ódio".
 

Anielle destacou ainda o fato de a irmã ter sido alvo de comentários mentirosos desde sua morte.

"Qualquer pessoa que tenha sido assassinada como ela foi e ter depois a sua memória atingida como a gente tem tido nesses últimos quatro, cinco anos, é muito ruim. A gente precisa aprender a dialogar, ter empatia", disse.

A ministra comentou ainda que a notícia da delação e da prisão de Suel, nesta segunda-feira, chegou na semana em que Marielle faria aniversário: ela completaria 44 anos no próximo dia 27.

"A gente segue firme aqui por ela também", afirmou.

Anielle comentou ainda a emoção dos pais quando souberam do que é considerado pelas autoridades de segurança um avanço nas investigação da morte da irmã:

"Me emocionei muito falando com meu pai. Porque meu pai é essa pessoa muito calma. Meu pai, no dia que mataram a minha irmã, ele ficou horas sentado na cama dele em silêncio até que desabou a chorar. Ao contrário da minha mãe que chorou muito. Minha sobrinha chorou muito. Ontem eu vi de novo meu pai muito emocionado chorando muito, muito alterado. E tanto ele quanto a minha mãe não se conformavam com o fato de alguém planejar por tanto tempo matar a sua filha. (...) A gente ontem reviveu isso. Meus pais estavam muito emocionados, porém muito firmes".