Futebol

José Neves: "O Santa verga, mas não quebra"

Ex-dirigente do Santa Cruz fez duras críticas à atual gestão e conclamou a formação de um grupo para levantar o Tricolor

José Neves Filho, ex-presidente do Santa Cruz - Ed Machado/Folha de Pernambuco

“O Santa Cruz não vai se acabar”. “Se o presidente não renunciar, teremos uma candidatura para fazer o clube voltar aos velhos tempos”. “Não podemos mais ficar sem SAF”. Essas foram algumas das declarações do ex-presidente do Santa, José Neves Filho, em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, na última terça (25), com os jornalistas Patrícia Breda, âncora do programa, e Geison Macedo, editor de Esportes. Antes da entrevista, o ex-dirigente Tricolor fez uma visita ao presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro, e ao diretor de Assuntos Corporativos do Grupo, Eduardo Moraes. 



Mandatário do Tricolor nos biênios 1985/86, 1987/88 e 2003/2004, com dois títulos estaduais no currículo, Zé Neves criticou a atual gestão, pedindo a saída do chefe do Executivo, Antônio Luiz Neto. O ex-dirigente também se colocou como candidato nas eleições presidenciais, marcadas para ocorrer no dia 3 de dezembro. “O Santa não tem possibilidade de se acabar. Quem tem três milhões de torcedores, não se acaba. O Santa verga, mas não quebra. Vai dar a volta por cima. Se o presidente não renunciar, teremos uma candidatura para retomar o Santa Cruz e fazer o clube voltar aos velhos tempos. Queremos saber se eles vão antecipar as eleições. Vamos criar um grupo com pessoas de responsabilidade, sem medo de encarar a situação”, declarou. 

Neves se mostrou disposto a liderar esse movimento em prol do Santa, que foi eliminado da Série D no último domingo, e convidou também quem estiver alinhado a esse foco de levantar o clube. “Estou na linha de frente. Todos têm que botar a cara. Se tiver gente com mais disposição que eu, venha também. Na omissão é que não podemos ficar. Ela está acabando com o Santa. O pior não é o barulho dos maus, mas o silêncio dos bons”, afirmou.

Grupo ofereceu ajuda ao Tricolor

O ex-presidente coral fez um histórico das tentativas de ajudar o Santa Cruz. “Antes do início da Série D, alertamos a atual gestão de que era necessário um reforço de ‘cabeças pensantes’. Oferecemos ajuda. Não somente eu, foi um grupo. Não adiantou. Ele (Antônio Luiz Neto) preferiu encarar sozinho”, criticou, citando a eliminação do Santa Cruz da quarta divisão, além do risco de ficar sem disputar a competição em 2024. 

Neves também indicou que chegou a elaborar no passado um grupo de transição no Santa para iniciar um novo modelo de gestão, mas, no fim, o clube terminou sob o comando de Antônio Luiz Neto. “Inicialmente, colocaram até o nome do meu filho (João Marcelo Neves) para assumir o clube, mas o momento dele não é agora. Ainda vai chegar, mas ele poderia trabalhar no Santa, com uma equipe de jovens. Preparamos esse projeto um ano atrás, para fazer uma transição, mas por uma falha política ou momentânea do meu amigo Alexandre Mirinda, não houve mais tempo de registrar a chapa”, lamentou.

“A ideia era Mirinda assumir por um ano e meio, com participação do meu filho, Bruno Rego, Waldemar Oliveira, Eduardo Petribu, e mais uma turma nova. Faríamos a transição para, quando ele saísse, abrir vaga para esses novos nomes. Mas Mirinda optou por fazer uma composição com Antônio Luiz Neto. Ainda vou conversar com Mirinda para retomarmos o soerguimento do Santa”, completou. 

SAF é o caminho para a gestão

O ex-presidente também detalhou que o clube precisa adotar o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para se recuperar financeiramente. “Não podemos mais gerir o clube sem ela. Mas tem de ser entregue a uma empresa boa. Não pode ser como a do Vasco. Tem que ser como a do Botafogo, Fortaleza ou Atlético-MG. Você entrega o futebol a uma empresa que fará dinheiro, pagando um percentual ao clube e gerindo o futebol”, pontuou.

A reportagem procurou o presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, para repercutir as declarações de José Neves, mas não obteve retorno.