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Cientista político é indiciado na Rússia por "apelos públicos ao terrorismo"

Kagarlitsky foi detido e "indiciado por apelos públicos para atividades terroristas, usando a internet", disse o advogado Sergei Yerokhov

Boris Kagarlitsky - Reprodução

A Justiça russa indiciou o cientista político Boris Kagarlitsky por "apelos públicos ao terrorismo", anunciou o seu advogado nesta quarta-feira (26), no que constitui um novo episódio de repressão contra a sociedade civil no país.

Kagarlitsky, professor da Escola Superior de Ciências Sociais e Econômicas de Moscou (HSE), foi detido e "indiciado por apelos públicos para atividades terroristas, usando a internet", disse o advogado Sergei Yerokhov, citado pela agência de notícias oficial TASS.

Na manhã desta quarta-feira, o perfil do professor, que pode ser condenado a até sete anos de prisão, não aparecia mais no site do estabelecimento onde lecionava.

Segundo Yerokhov, o cientista político, de 64 anos, rejeita todas as acusações.

Autor de inúmeros estudos e publicações sobre o movimento político de esquerda na Rússia e no mundo, Kagarlitsky "nunca apoiou ou justificou o terrorismo", segundo seu advogado.

"O objetivo de todos os seus discursos é uma tentativa de trazer à luz os problemas reais enfrentados pelo Estado russo", insistiu.

Segundo o advogado, a investigação contra Kagarlitsky foi aberta pelo escritório local dos serviços de segurança russos (FSB) na República de Komi (norte da Rússia), e por isso o cientista político foi transferido para a capital desse território, Siktivkar, após sua prisão.

Desde o início da ofensiva das tropas russas na Ucrânia e a adoção de leis que proíbem todas as declarações críticas, vários veículos de comunicação russos independentes foram forçados a suspender suas atividades ou deixar o país e muitos opositores foram para o exílio ou foram detidos.