Estados Unidos

Único senador negro do Partido Republicano, Tim Scott cresce nas pesquisas para presidência dos EUA

Scott aparece empatado tecnicamente com o governador da Flórida e principal rival de Trump em estados simbólicos da corrida à Casa Branca

Tim Scott, senador republicano e candidato às primárias do partido, durante discurso em Iowa - Scott Olson/AFP

Enquanto todos os olhares estavam voltados para a disputa entre o ex-presidente americano Donald Trump e governador da Flórida Ron DeSantis nas primárias do Partido Republicano, um candidato que está correndo por fora começa a despontar nas pesquisas de opinião. Nesta quarta-feira, Tim Scott, senador da Carolina do Sul e o único negro da legenda do Senado, aparece na terceira posição em sondagens de estados relevantes e chega a empatar tecnicamente com DeSantis em algumas delas.

Em uma pesquisa do canal Fox Business divulgada no domingo, Scott surge como terceiro colocado em Iowa. Histórico swing state (estados que alternam entre líderes democratas e republicanos), Iowa será o primeiro local a designar, em 15 de janeiro, o representante do Partido Republicano nas eleições presidenciais de 2024. O estado, no entanto, adota um modelo diferente das primárias, chamado de caucus, cuja escolha é tomada pelos delegados em uma assembleia com votação aberta. Apesar do formato distinto, o valor é o mesmo das primárias e, para os candidatos, é simbólico se sair bem lá.

De acordo com a sondagem, Trump segue na liderança isolada com 46% das intenções de voto, seguido por DeSantis com 16%. Scott, por outro lado, aparece com 11%, empatado tecnicamente com o governador da Flórida na margem de erro de 3,5 pontos percentuais. Há, porém, a expectativa de que o senador possa ganhar tração ao longo da campanha, já que apresenta a menor rejeição entre os três e não tem sido alvo da troca de ataques travada entre o ex-presidente e seu ex-aliado.

Já em New Hampshire, onde ocorre a primeira votação no formato tradicional das primárias — similar às eleições gerais —, uma sondagem da Universidade do estado divulgada na terça também apontou Scott como terceiro colocado. Junto com Iowa, o estado é uma das principais regiões de investimento na campanha, com US$ 32 milhões (R$ 151 milhões) destinados para propagandas até janeiro de 2024.

Na Carolina do Sul, reduto republicano de peso com seus 50 delegados, a disputa é com Nikki Haley, ex-governadora do estado, que aparece com 14% das intenções de voto, atrás apenas de Trump, com 48%. As pesquisas, porém, mostram Scott colado em DeSantis, que marcou 13% contra 10% do senador.

O desempenho surpreendente do senador atraiu olhares de potenciais doadores, como o bilionário da indústria de cosméticos Ronald Lauder, que se reuniu com Scott neste mês. Ele também já conta com o apoio de Larry Ellison, dono da Oracle e quarta pessoa mais rica do mundo segundo a revista Forbes.

Nacionalmente, Scott aparece como plano B de muitos republicanos que declararam voto em Trump ou em DeSantis, mas ainda é um nome desconhecido de grande parte do público. Mais da metade dos eleitores republicanos afirmaram em uma pesquisa recente que não conheciam o senador o suficiente.

A sua primeira oportunidade de se apresentar ao restante do país será no debate republicano de 23 de agosto. Segundo a sua gerente de campanha, o candidato atingiu o limite mínimo de doadores e pontuação nas pesquisas para estar no palco. No segundo trimestre do ano, as suas arrecadações superaram US$ 6 milhões (R$ 28 milhões) e ainda há mais de US$ 20 milhões (R$ 94 milhões) guardados para o futuro — um dos maiores orçamentos das primárias do partido.

Tim Scott, 57 anos, lançou sua candidatura oficialmente em maio e ainda tem seis meses para cavar o seu espaço na acirrada corrida pela Casa Branca. Durante o período em que analisou a viabilidade do seu nome em regiões-chave dos EUA, ele destacou sua fé cristã e os valores conservadores que aprendeu em um humilde lar monoparental.

Scott também vem ressaltando sua visão como o único afro-americano na bancada republicana no Senado — e um dos quatro a ocupar tal posição na História do partido. Mas este não é o seu único marco: o republicano foi o primeiro negro eleito por um estado do sul dos EUA desde a Guerra Civil Americana (1861-1865) e o único negro que já atuou tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados.