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Secretário-geral da OEA viajará à Guatemala devido à crise eleitoral

A comunidade internacional está preocupada com a situação na Guatemala desde que o Ministério Público pediu o cancelamento do partido Semilla

Johan Ordonez/AFP

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, anunciou nesta quarta-feira (26) que viajará para a Guatemala na próxima semana, país imerso em uma crise devido à "clara intervenção de atores externos" no processo eleitoral.

A comunidade internacional está preocupada com a situação na Guatemala desde que o Ministério Público pediu o cancelamento do partido Semilla, de um dos candidatos ao segundo turno presidencial, o social-democrata Bernardo Arévalo, que enfrentará Sandra Torres, da mesma corrente política.

Durante uma sessão extraordinária do Conselho Permanente, órgão executivo da OEA, Almagro afirmou que recebeu na terça-feira "o convite formal do governo" guatemalteco para visitar o país "nos próximos dias, a fim de se reunir com as autoridades do governo e instituições do Estado em referência ao processo eleitoral".

A nota com o convite é datada de terça-feira e é assinada pelo ministro das Relações Exteriores da Guatemala, Mario Búcaro, com quem Almagro afirma ter conversado por telefone.

"Agendamos e aceitamos o convite", disse o diplomata uruguaio.

Na resposta por escrito, à qual a AFP teve acesso, Almagro insiste em poder conversar com os candidatos presidenciais.

"Aceito o convite" e "agradeço também a possibilidade de me reunir com as autoridades do governo e instituições do Estado em relação ao processo eleitoral, mas é absolutamente necessário que eu me reúna também com a senhora Sandra Torres e o senhor Bernardo Arévalo, bem como com outros atores políticos e sociais do país", diz a carta.

A intenção de Almagro é viajar "o mais breve possível", se possível na "próxima segunda-feira", caso as agendas sejam coordenadas, explicou ao Conselho Permanente.

A crise na Guatemala preocupa a comunidade internacional, que acredita que estão tentando atrapalhar a campanha de Arévalo.

"Nas últimas semanas, nos manifestamos de maneira enfática em múltiplas ocasiões contra as tentativas reiteradas de alterar a vontade popular e os ataques às autoridades eleitorais", afirmou Almagro.

Em sua opinião, o processo eleitoral tem como únicos protagonistas a "cidadania", os candidatos "que fizeram campanha" e as autoridades eleitorais que organizam o segundo turno presidencial em 20 de agosto "além de qualquer pressão".

"Não há outros atores, institucionais ou políticos, e muito menos juízes e promotores, que sejam protagonistas desta gesta", disse ele, e estimou que o processo eleitoral "sofreu clara intervenção de atores externos que dificultaram o desenvolvimento normal".

O secretário-geral enfatizou a "necessidade urgente de que, em 20 de agosto, a cidadania possa escolher livremente" e que "sua vontade seja respeitada".

O segundo turno será supervisionado pela missão eleitoral da organização, que já realizou quatro desdobramentos totalizando 40 dias de presença no país.

A eleição de um social-democrata para liderar o país encerraria 12 anos de governos de direita.