Julgamento

Congresso de El Salvador aprova julgamentos coletivos de membros de gangues

Grupos de aproximadamente 900 pessoas enfrentarão um mesmo julgamento

Congresso de El Salvador aprova julgamentos coletivos de membros de gangues - EL SALVADOR'S PRESIDENCY PRESS OFFICE / AFP

O Congresso de El Salvador dispôs, nesta quarta-feira (26), que os detidos suspeitos de pertencerem a gangues sejam julgados coletivamente, o que levará grupos de aproximadamente 900 pessoas a enfrentarem um mesmo julgamento.

A norma aprovada ordena o "submetimento de [vários] acusados a um único processo penal por seu pertencimento a uma mesma estrutura terrorista ou agrupamento ilícito e que tenham sido capturados dentro da vigência do regime de exceção", desde março de 2022, diz o decreto aprovado.

"Não há nada parecido na história do mundo com o que nós estamos enfrentando agora mesmo. São mais de 900 acusações por célula que este decreto transitório apresenta", assinalou o ministro de Segurança, Gustavo Villatoro.

Por sua vez, o vice-presidente do Congresso, Guillermo Gallegos, explicou que, "com esta disposição o Ministério Público não terá que apresentar provas individuais contra os membros de gangues em um processo judicial criminal".

"Isso facilitará ao Ministério Público e aos tribunais o julgamento dos criminosos de gangues", disse o legislador governista.

Além disso, o MP poderá "utilizar em um processo judicial os mesmos elementos de prova contra um grupo de membros de gangues quando estes pertencerem a uma mesma célula ou operarem em uma mesma zona geográfica ou que tenham participado de um mesmo ato criminoso", acrescentou.

A "disposição transitória" foi aprovada com os votos de 67 deputados aliados do presidente Nayib Bukele, de 84 no total.

A norma, que nasceu de uma iniciativa de Buleke, também estabelece que os detidos em regime de exceção podem permanecer presos por até 24 meses antes que o Ministério Público os leve a julgamento ou ordene sua soltura.

O deputado opositor Jaime Guevara, da Frente Farabundo Martí (esquerda), criticou a nova disposição ao considerar que "apenas busca resolver o colapso do sistema judicial causado pelas milhares de prisões em regime de exceção", que somam quase 72.000.