GREVE DOS RODOVIÁRIOS

Rodoviários e empresários não chegam a acordo em terceira reunião de conciliação e greve continua

De acordo com o TRT-6, o trâmite judicial de praxe será seguido

Greve dos rodoviários: ônibus parados no TI Pelópidas, em Paulista - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Rodoviários e empresários se reuniram na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), no Recife, na manhã desta quinta-feira (27), mas não chegaram a um acordo e a greve, que deixa 1,8 milhão de passageiros com acesso prejudicado aos ônibus, continua. O movimento paredista começou na quarta-feira (26).

Essa foi a terceira reunião entre as partes. De acordo com o TRT-6, o trâmite judicial de praxe será seguido

"O processo será analisado por um dos 19 desembargadores da Corte, que vai proferir um voto. Depois dessa etapa, todos os desembargadores se reunirão no Tribunal Pleno e vão dar seus votos para decidir, de forma conjunta, o que deve ser feito", explicou o tribunal.

De acordo com o secretário geral do sindicato, Josival Costa, não houve aumento algum na proposta da Urbana-PE para os rodoviários com relação aos valores negociados na última reunião e que, por isso, a greve continua.

"Não ofereceram nada a mais. Não subiram em nada o valor que foi apresentado na última reunião de negociação, quando propuseram um aumento de R$ 7 no ticket alimentação e R$ 11 na gratificação para1 os profissionais em jornada dupla de trabalho. Então, como não houve mudança, a greve continua", revelou o secretário geral do sindicato.

O TRT-6 lembra que, na quarta-feira, o desembargador Fábio Farias determinou o retorno de 60% da frota de ônibus na Região Metropolitana do Recife em horários de pico e 40% nos demais períodos. Em caso de descumprimento, o Sindicato dos Rodoviários está sujeito a multa diária de R$ 30 mil. A decisão se deu após o magistrado analisar a liminar do dissídio coletivo ajuizado pela Urbana-PE.

Para o secretário geral, no entanto, ainda não é possível atribuir punição alguma aos rodoviários, já que ainda não houve julgamento formal: "Não pode ter multa, até porque ainda não houve julgamento da greve. Então não pode haver a cobrança dessa multa, já que não fomos julgados judicialmente por isso e não foi comprovada a ilegalidade do movimento perante um tribunal, mas ainda não há data para essa audiência. Então seguimos na nossa luta", disse Joseval.

Já para o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, que estava presente na audiência desta quinta, não há uma tentativa, por parte da Urbana, para que a negociação avance, e pontuou ainda que a categoria segue aberta para conversas: "Não querem conciliar nada, não parecem querer entrar em acordo. Estamos abertos para conversar a qualquer momento com as empresas, mas precisamos ouvir boas propostas", garantiu.

Além disso, o representante dos rodoviários chegou a pontuar que não depende do sindicato fazer a fiscalização da quantidade de ônibus circulando pela RMR, nos moldes determinados pelo TRT-6, e apontou que as próprias empresas não realizam este tipo de serviço durante os dias que classificou como "normais", sem greve.

"Infelizmente, é uma terra sem lei, porque as próprias empresas não fazem um controle devido para disponibilização das linhas de ônibus durante esse momento, então não depende somente do sindicato. As empresas fazem o que querem, mas não podemos dizer que 60% das linhas estão rodando, muito menos em dias de greve, já que até em dias normais esse controle não é feito", afirmou.

Em nota, a Urbana-PE disse que o sindicato "está desrespeitando a determinação do Tribunal do Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6)". Ainda segundo a instituição, há "abusividade do movimento". Confira a nota completa:

"A Urbana-PE informa que o Sindicato dos Rodoviários está desrespeitando a determinação do Tribunal do Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) e tentando impedir a prestação do serviço de transporte público por ônibus nesta quinta-feira (27). Houve bloqueio de garagens e depredação de veículos. Vários ônibus em circulação tiveram seus pneus furados e não conseguiram completar as suas viagens. As lideranças rodoviárias também continuam instruindo os trabalhadores a não comparecerem às garagens, impossibilitando a oferta do serviço nos percentuais mínimos definidos pelo TRT. A atitude do Sindicato dos Rodoviários configura clara abusividade do movimento. A Urbana-PE e as suas associadas solicitaram apoio da Polícia Militar para garantir a prestação do serviço conforme determinação legal e reforçam que tomarão todas as medidas possíveis para reduzir os prejuízos causados à população e à economia local."