LUTO

Morre José Luis Inciarte, da tragédia dos Andes; no acidente, sobreviventes comeram carne humana

Inciarte, nascido em 24 de abril de 1948 em Montevidéu, era um empresário agropecuário conhecido por sua bondade, generosidade e otimismo

José Luis "Coche" Inciarte - Miguel Rojo / AFP

O uruguaio José Luis "Coche" Inciarte, um dos 16 sobreviventes da tragédia dos Andes que comoveu o mundo há quase 50 anos, faleceu, nesta quinta-feira (27), em Montevidéu aos 75 anos.

"Perdemos um amigo", disse à AFP Roberto Canessa, um dos seus companheiros no acidente aéreo, ao confirmar a morte de Inciarte por um câncer que o acometia há dez anos.

Inciarte, nascido em 24 de abril de 1948 em Montevidéu, era um empresário agropecuário conhecido por sua bondade, generosidade e otimismo.

"Lembrarei cada momento que vivi com ele. Descansa em paz, amigo", disse, nesta quinta-feira, no Instagram, o cineasta espanhol J.A. Bayona, diretor de "Society of Snow", o filme da Netflix baseado no livro do uruguaio Pablo Vierci sobre a tragédia dos Andes, que terá sua estreia mundial em 9 de setembro no encerramento do festival de Veneza.

Bayona contou que Inciarte desenvolveu "um vínculo especial Simón Hempe", a ator argentino que o interpreta no longa: "Conversaram por horas, compartilharam dias juntos, confissões e emoções".

Vierci, que escreveu a contracapa do livro de Inciarte "Memoria de los Andes", publicado em 2017, o definiu como um "homem bom", que na montanha "sempre apontava para o que estava caindo".

"Dava a impressão de que não tinha medo da morte", disse à AFP.

Sobrevivência
A Tragédia dos Andes suscitou debates sobre os limites da sobrevivência humana. Em 13 de outubro de 1972, o Voo Força Aérea Uruguaia 571 caiu na Cordilheira dos Andes, Chile, com 45 pessoas a bordo. No acidente, 12 morreram e, ao longo dos dias, 17 vieram a falecer. Foram mais de dois meses, até o restante ser salvo. Na luta pela sobrevivência, se alimentaram de carne humana, dos já mortos.