Trump teria mandado excluir imagens de câmeras de segurança em retenção de documentos sigilosos
A nova acusação acrescentou três acusações graves contra Trump
O cerco judicial em torno do ex-presidente estadunidense Donald Trump ganhou novos capítulos nesta quinta-feira, com mais acusações no âmbito do caso de apropriação indevida de documentos sigilosos do governo após deixar a Casa Branca. Juntamente com seu assessor Carlos de Oliveira, que também foi formalmente acusado pelos promotores federais de ajudar o republicano a esconder os arquivos em Mar-a-Lago, resort de luxo de Trump, o ex-presidente também teria tentado impedir que imagens das câmeras de segurança do local fossem revisadas pelos investigadores.
A nova acusação acrescentou três acusações graves contra Trump: tentativa de "alterar, destruir, mutilar ou ocultar evidências", induzir alguém a fazê-lo, e uma sob a Lei de Espionagem, decorrente de um documento sigiloso de segurança nacional que ele mostrou aos visitantes em seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jersey.
Oliveira, por sua vez, junta-se a outro assessor de Trump, Walt Nauta, acusado em junho por ajudar o ex-presidente a enganar os investigadores ao mover caixas com os materiais confidenciais após uma intimação da Justiça para que todos fossem devolvidos. Os promotores do escritório do procurador especial, Jack Smith, vinham investigando o funcionário há meses, preocupados com suas comunicações com um especialista em tecnologia da informação em Mar-a-Lago, Yuscil Taveras, que supervisionou as imagens das câmeras de vigilância da propriedade.
Segundo o Washington Post, os promotores acusam Trump e os dois assessores de obrigarem um terceiro funcionário a "excluir as imagens das câmeras de segurança do clube Mar-a-Lago para impedir que as imagens fossem fornecidas a um grande júri federal".
A nova acusação foi divulgada no mesmo dia em que os advogados de Trump se reuniram em Washington com os promotores que trabalham para Smith para discutir a carta que o republicano recebeu há poucos dias, sugerindo que ele pode enfrentar em breve uma nova acusação no caso relacionado a seus esforços para anular os resultados das eleições de 2020.
Problemas com a Lei
O ex-presidente foi processado por 37 acusações — das quais se declarou inocente — de reter caixas inteiras de documentos, incluindo alguns classificados como "ultrassecretos" após sua saída de Washington em 2021, e de ter se recusado a devolvê-los, violando as leis federais. O julgamento pelo caso deve ocorrer em maio de 2024, decidiu a juíza responsável pelo caso, Aileen Cannon, na semana passada, em um cronograma que poderá atrapalhar a campanha do ex-presidente e principal nome para a indicação do Partido Republicano para a Casa Branca no ano que vem.
Trump é réu em duas ações criminais — na Justiça estadual de Nova York, pelo caso Stormy Daniels, e na Justiça federal, por este caso dos documentos sigilosos. O ex-presidente também está sob os holofotes por seu suposto papel no ataque ao Capitólio por uma multidão de partidários em janeiro de 2021, pelo qual provavelmente será acusado em poucos dias.
Os problemas com a Lei, contudo, parecem não abalar sua campanha para 2024. Segundo o RealClearPolitics, ele tem a intenção de voto de 53% dos republicanos nas primárias, contra 20,6% de Ron DeSantis, governador da Flórida — indicando que a disputa contra o atual presidente Joe Biden se repetirá, como em 2020.
Entenda o caso
Nos Estados Unidos, uma lei de 1978 exige que todo presidente americano entregue todas as suas cartas, e-mails e outros documentos de trabalho ao Arquivo Nacional. Outra lei, sobre espionagem, proíbe qualquer pessoa de manter documentos confidenciais em locais não autorizados e sem segurança.
Ao deixar a Presidência para se estabelecer em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump levou consigo caixas inteiras de documentos. Em janeiro de 2022, após ser cobrado várias vezes, ele concordou em devolver 15 caixas contendo mais de 200 documentos confidenciais. Por e-mail, seus advogados garantiram que não havia outros.
O FBI (a polícia federal dos EUA), porém, afirmou que ele não havia devolvido tudo. Em agosto do ano passado, agentes fizeram buscas em Mar-a-Lago e apreenderam outras 30 caixas contendo 11 mil documentos, incluindo alguns altamente confidenciais sobre o Irã e a China. (Com New York Times.)