EUA enviou 4.000 cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos ao México
Essas normas obrigam os migrantes a marcarem uma audiência através de um aplicativo de celular (CBP One) ou a processar o pedido nos países por onde passam
Os Estados Unidos enviaram 4.000 cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos ao México desde 12 de maio, informou, nesta quinta-feira (27), o subsecretário de política fronteiriça e imigração do Departamento de Segurança Doméstica, Blas Núñez-Neto.
Em 12 de maio, o governo do presidente democrata Joe Biden suspendeu uma norma sanitária conhecida como Título 42 que permitia bloquear na fronteira quase todos os migrantes que chegavam sem a documentação necessária para entrar.
Para contrapor a suspensão, o governo introduziu durante meses uma série de "vias legais" como "alternativas à migração irregular".
Essas normas, que na prática restringem o acesso ao asilo, obrigam os migrantes a marcarem uma audiência através de um aplicativo de celular (CBP One) ou a processar o pedido nos países por onde passam.
Aqueles que tentam entrar no país por fora dessas "vias legais" podem ser expulsos mediante repatriações aceleradas.
85.000 repatriados
"Desde 12 de maio, repatriamos mais de 85.000 pessoas para 115 países, incluindo 4.000 cidadãos de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela que foram repatriados ao México", declarou Núñez-Neto em entrevista coletiva por telefone.
É "a primeira vez na história bilateral de nossos dois países que o governo de México permitiu a repatriação de cidadãos de países terceiros em nossa fronteira", acrescentou.
As pessoas repatriadas estão proibidas de voltar aos Estados Unidos por um período de cinco anos e se o fizerem podem ser processadas.
"Estas medidas estão funcionando", assegurou Núñez-Neto, ao insistir em que houve uma diminuição no número de pessoas atravessando a fronteira.
Segundo o Escritório de Alfândega e Proteção Fronteiriça dos EUA, as autoridades detectaram em junho 99.545 migrantes na fronteira com o México, 30% a menos do que em maio.
A política migratória de Biden, no entanto, está em perigo desde a terça-feira, quando um juiz federal a bloqueou por considerá-la "contrária ao direito", com base em um processo apresentado por organizações de defesa dos direitos civis.
O governo recorreu e pediu que a decisão judicial fique suspensa durante o período de tramitação do recurso.
"Nada mudou na fronteira esta semana", insistiu Núñez-Neto, satisfeito com os resultados obtidos até agora.
Segundo ele, entraram nos Estados Unidos "mais de 58.000 cidadãos" de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela graças ao programa destinado a eles e cerca de 1.450 pessoas marcam audiências por dia com o aplicativo CBP One.
Os Estados Unidos também abriram nos últimos meses escritórios "de mobilidade segura" em diversos países para tramitar a partir deles os pedidos para o programa de refugiados.
Até 24 de julho, mais de 18.000 pessoas haviam se registrado na plataforma de mobilidade segura, das quais mais de 10.000 venezuelanos, informou na mesma coletiva Marta Youth, subsecretária de Estado interina do Escritório de População, Refugiados e Migração.
Uma vez registradas, o Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (Acnur) as entrevista e remete as que cumprem uma série de requisitos aos programas de refugiados.