ECONOMIA

Haddad diz que Copom é 'pouco plural' e há espaço 'considerável' para corte de juros

Para ministro da Fazenda, novos diretores vão trazer perspectivas diferentes para Comitê

Fernando Haddad - Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que existe um espaço "bastante considerável" para redução da taxa de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ligado ao Banco Central (BC).

Ele também afirmou que o Copom é "conservador", "pouco plural" e "monolítico" e que o governo busca levar pontos de vista diferentes ao trocar diretores do BC. As declarações foram realizadas durante entrevista à TV GGN.

"Penso que o ciclo de cortes vai começar e que o espaço que existe é bastante considerável", disse.

Haddad ponderou que um corte de 0,5 ponto percentual será apenas uma sinalização, porque os juros ainda estarão muito acima da taxa neutra.

— Se cair agora de 13,75% para 13,25%, o que isso vai significar em termos de atividade econômica? É uma sinalização apenas, mas na prática é muito pouco. Sempre que você tiver [taxa Selic] acima do juro neutro, você vai estar em posição de restrição da economia — disse.

Na avaliação do ministro, para o consumidor, um eventual corte de 0,50 ponto percentual vai alterar pouco, mas para os investimentos se verificará um efeito.

— Agora, não é imediato, mas essa sinalização é importante para que agentes econômicos comecem a se reposicionar — disse o ministro.

Sobre as nomeações de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às diretorias do BC, Haddad disse que elas buscam trazer pluralidade de visões.

— O que procurei fazer é levar pontos de vistas diferentes pro Copom [com os novos diretores]. O Copom está muito monolítico, pouco plural, e talvez nem sempre levando em consideração o conjunto de variáveis da economia, embora o Banco Central tenha muita informação. É um órgão muito preparado do ponto de vista técnico.

Haddad voltou a dizer que a inflação deve terminar abaixo de 5% no final do ano e o PIB deve ter alta de 2%.

Reforma Tributária

O ministro ainda comentou que enviará ao Congresso Nacional, na retomada dos trabalhos legislativos em agosto, quanto fica a alíquota padrão do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA) com as exceções que foi incluída na reforma tributária na Câmara dos Deputados.

— Nós vamos mandar no começo da semana, senão na próxima, na outra, já está ficando pronta... nós vamos mostrar quando custa, em termos de alíquota padrão, cada exceção. (...) Você vai acumulando as exceções até chegar numa alíquota padrão que desvia da desejada pela sociedade —

Segundo ele, o propósito é dar "clareza" ao Congresso:

— Se ele está beneficiando um setor, ele tem que estar muito bem embasado para isso. Porque todo mundo vai pagar. por isso, se todo mundo vai pagar por isso, tem que ter uma boa justificativa