Greve dos rodoviários

Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região julga dissídio dos rodoviários nesta segunda (31)

O julgamento ocorre após três audiências de conciliação sem sucesso entre os sindicatos patronal e dos empregados

Paralisação dos rodoviários na RMR - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Nesta segunda-feira (31), a partir das 9h, o Tribunal Regional do Trabalho da 6º Região (TRT-6) julga o dissídio coletivo dos rodoviários da Região Metropolitana do Recife (RMR). O julgamento ocorre após três audiências de conciliação sem sucesso entre os sindicatos patronal e dos empregados.

Desde 0h da última quarta-feira (26), a categoria, que reúne motoristas de ônibus, está em greve. Em nota, o TRT-6, que havia mediado as audiências, afirmou que o agendamento do dissídio “foi feito de acordo com o tempo de análise do processo pela desembargadora relatora”. A relatora, escolhida aleatoriamente pelo sistema automático do tribunal, é a presidente do TRT-6, Nise Pedroso.

A audiência ocorre na sede do TRT, no Centro do Recife. Nela, "os desembargadores se reunirão e vão dar seus votos para decidir, de forma conjunta, o que deve ser feito", informou o tribunal.

Na quarta, em decisão do corregedor do TRT-6, desembargador Fábio Farias, o tribunal determinou retorno de 60% da frota de ônibus em horários de pico e 40% nos demais períodos sob risco de multa de R$ 30 mil por dia. Os ônibus transportam cerca de 1,8 milhão de passageiros na RMR.

Os dois lados
De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, a expectativa é grande para o julgamento. Ele afirmou que está fazendo uma convocação ampla para que os rodoviários estejam presentes na frente do TRT-6 na manhã desta segunda.

“Ao mesmo tempo que a categoria alimenta as expectativas de forma positiva, também alimenta uma ansiedade, então são coisas que se misturam o tempo todo. Estou fazendo uma convocação ampla para o trabalhador se fazer presente lá. Acredito que os rodoviários estarão em massa na frente do Tribunal Regional do Trabalho”, destacou.

Entre as reivindicações da categoria estão o reajuste de 5% no salário, para além da inflação; o auxílio para o motorista que exerce a dupla função (motorista e cobrador) no valor de R$ 200 (hoje essa taxa é de R$ 135); pagamento de tíquete alimentação no valor de R$ 500; além do não desconto dos dias de atividades paradas, por conta da greve.  

Em nota, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) destacou que busca o entendimento com o Sindicato dos Rodoviários, assim como vem fazendo “ao longo dos últimos três anos”.

“A Urbana-PE reitera que se dispôs novamente a negociar, garantindo mais uma vez a reposição da inflação acumulada dos últimos 12 meses, calculada em 3% com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)”.

A Urbana afirmou que diante da “inflexibilidade” do Sindicato dos Rodoviários, não foi possível chegar a um acordo entre as partes. “A fase negocial foi superada na medida em que o dissídio coletivo foi submetido para apreciação judicial”.

No aguardo do julgamento, a Urbana reiterou que tomará todas as medidas para restabelecer plenamente o serviço de transporte público por ônibus no Grande Recife e mitigar os “irreparáveis prejuízos causados à população e à economia local”.

No último domingo (30), quinto dia da paralisação, a reportagem da Folha de Pernambuco acompanhou o movimento em diversos terminais de ônibus da Região Metropolitana do Recife. Nos locais, a circulação de passageiros esteve abaixo do normal, assim como o número de ônibus. Quem precisou de transporte, teve que ter paciência na espera.