PROTOZOÁRIO

Malária: duas novas vacinas são consideradas promissoras após testes; avanço beneficiará o Brasil

Testes iniciais mostraram que ambas são capazes de prevenir a infecção pelo "Plasmodium vivax"

Mosquito Anopheles transmissor da malária - Portal Biologia/ Divulgação

Duas novas vacinas contra a malária, uma das doenças infecciosas que mais mata no mundo, se mostraram promissoras. A versão já existente, o imunizante RTS,S age na prevenção do protozoário Plasmodium falciparum, apenas um dentre os cinco outros tipos de parasitas responsáveis pela doença. No entanto, os imunizantes experimentais se saíram bem nos testes de Fase 1 contra a ação do Plasmodium vivax, protozoário por trás de 90% das infecções em território brasileiro.

Os resultados do estudo, publicados na revista científica Science Translational Medicine, mostram os avanços encontrados com as duas vacinas experimentais, VAC071 e VAC079, ambas com o propósito de afetar o parasita, mas em períodos diferentes do seu ciclo de vida. Dessa forma, a pesquisa revela que os dois imunizantes funcionaram em suas funções, utilizando a proteína de ligação Duffy do P. vivax, ou PvDBP. Além disso, uma delas se provou ainda mais promissora, com a desaceleração da replicação do parasita da malária na corrente sanguínea de um voluntário.

O protozoário se apresenta como uma das maiores barreiras contra a erradicação da malária atualmente, por sua grande capacidade de mutação genética. A vacina existente e aprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a RTS,S, para crianças com idade entre cinco meses e três anos, que atua contra o Plasmodium falciparum, o parasita mais comum de ser encontrado, principalmente no continente africano.

“P. vivax é a segunda causa mais comum de malária e a mais disseminada geograficamente, causando cerca de 4,5 milhões de casos em 2020”, escreve a principal autora do estudo sobre as vacinas, Mimi Hou, pesquisadora da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Nos testes, as vacinas foram bem toleradas pelos voluntários e mostraram evidências de respostas de anticorpos. Após uma pausa na realização do estudo, com intervalo entre 2020 e 2021, foi descoberto que, quando administrada por meio de um regime de dosagem atrasada, uma das vacinas consegue reduzir em 51% a taxa de multiplicação do P. vivax.

Na pesquisa das vacinas experimentais, as fórmulas das injeções foram baseadas em outras de pelo menos 10 anos atrás. Contudo, a equipe de pesquisadores afirma que o direcionamento da glicoproteína Duffy pode ser feito usando abordagens de vacina mais recentes, como uma plataforma de mRNA personalizada para entregar todo o potencial de carga útil da vacina.

"Nenhuma preocupação de segurança foi identificada com as vacinas de vetor viral ou de proteína em adjuvante, e nenhum evento adverso grave ocorreu nos ensaios VAC071 e VAC079", concluiu a pesquisadora principal.

Transmissão da malária
A doença infecciosa é transmitida a partir da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles infectada por uma ou mais espécies de protozoário do gênero Plasmodium. Dentre os cinco parasitas, os três mais comuns são o falciparum, o vivax e o malariae. A depender da região do Brasil, o mosquito pode ser chamado de carapanã, muriçoca, sovela, mosquito-prego ou bicuda.

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Segundo o Ministério da Saúde, o período de incubação varia de acordo com o parasita, para P. falciparum, o mínimo é de sete dias; P. vivax, de 10 a 30 dias e P. malariae, 18 a 30 dias.

Prevenção além da vacina

As principais medidas de prevenção individual indicadas em áreas com alerta para malária são:

uso de mosquiteiros;

roupas que protejam pernas e braços;

telas em portas e janelas;

uso de repelentes.

Enquanto as medidas de prevenção coletivas contra malária são:

borrifação residual intradomiciliar;

uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração;

drenagem e aterro de criadouros;

pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor;

limpeza das margens dos criadouros;

modificação do fluxo da água;

controle da vegetação aquática;

melhoramento da moradia e das condições de trabalho;

uso racional da terra.