Hóspedes do Airbnb gastam R$ 24,5 bi no Brasil, um quarto disso só no Rio
Diretora-geral do Airbnb na América do Sul destaca "retomada forte do turismo"
A retomada do setor de turismo após as restrições da pandemia vem impulsionando os gastos de quem visita o Brasil. O movimento começou a ganhar força no ano passado e continua em 2023. É o que aponta estudo inédito feito pela Oxford Economics a pedido da plataforma de hospedagem Airbnb.
No ano passado, quem alugou imóveis brasileiros por meio da plataforma movimentou um total de US$ 5,2 bilhões (cerca de R$ 24,5 bilhões) em transporte, compras, atividades de entretenimento e restaurante. É um aumento de 31% em comparação com o ano anterior. Do total, o estado do Rio respondeu por 25%, com gastos de US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 6,13 bilhões) em 2022.
Em entrevista ao Globo, Fiamma Zarife, diretor-geral do Airbnb na América do Sul, diz que o turismo vive forte momento de crescimento. Segundo ela, o Airbnb observou um total de 3,1 milhões de check-ins a mais de hóspedes em 2022 na comparação com o ano anterior. Foi maior que a alta de 2,9 milhões de check-ins em 2020 em relação a 2019.
"Estamos vendo uma retomada forte do turismo. E o Airbnb faz parte desse movimento. O aumento de 31% é significativo. Ou seja, a cada US$ 10 gastos em acomodação, eles destinam US$ 51 em outros negócios, como restaurantes, transporte e atividades culturais. Brasil e Alemanha são os países que mais crescem hoje na plataforma. O Brasil é o maior mercado da América Latina seja em número de anfitriões (donos dos imóveis), anúncios e origem de viagem" disse Fiamma, que assumiu o comando do Airbnb em março após deixar a direção do Twitter no Brasil.
O relatório aponta ainda que, no Brasil, os gastos dos hóspedes no segmento de serviços movimentaram 115 mil empregos no país, gerando US$ 1,4 bilhão (R$ 6,6 bilhões) em remunerações, salários e outros rendimentos trabalhistas.
A executiva destaca a importância da capital do Rio de Janeiro, tido como a principal porta de entrada dos turistas no país. Dos gastos no estado do Rio, a cidade concentra 56,9% das despesas dos turistas, com US$ 740,7 milhões (R$ 3,49 bilhões).
"É um dos destinados mais procurados dentro do Airbnb e com grande relevância. Foi a primeira vez que fizemos uma pesquisa para o Rio e a segunda vez para o Brasil. O Airbnb desempenha um papel crucial na retomada do turismo no Brasil e trabalha para trazer mais oportunidades para a economia não apenas em destinos turísticos tradicionais, mas também em locais fora das rotas turísticas habituais."
Ela antecipa as iniciativas para os próximos meses:
"Temos projetos para potencializar o turismo, como o de rotas, que é divulgar regiões em diferentes regiões do Brasil para que as pessoas descubram novos ecossistemas. Hoje, são nove rotas, como a Costa do Cacau, na Bahia, e São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, entre outros"
Segundo Fiamma, a perspectiva para 2023 é positiva. Segundo dados do setor, são mais de cem eventos corporativos e apresentações musicais no segundo semestre. Hoje, a média é de uma hospedagem entre três a quatro dias.
"Se olharmos o calendário de shows como The Town (em São Paulo) e Taylor Swift, além de feriados para o segundo semestre, há uma visão bastante positiva para o segundo semestre. Temos trabalhado também na descentralização do turismo. Vemos a capilaridade do Airbnb com anúncios espalhados no país, fora do eixo tradicional. Esse ano estamos vendo centenas de cidades brasileiras que receberam a primeira reserva na plataforma desde o início da pandemia."
Ao mesmo tempo, ela destaca a importância dos investimentos em tecnologia nesse cenário pós-pandemia:
"Estamos avaliando e falando sobre inteligência artificial para conhecer mais os nossos hóspedes e anfitriões. É algo para o futuro, pois você, com algumas palavras, sabe o que o hóspede quer e consegue entregar algo mais customizado. Essa é uma tendência mais lá para frente. A inovação, para a gente, é sempre baseada nesse olhar para o consumidor."
Mas, apesar do crescimento, há desafios para o segmento de turismo:
"O Brasil tem um mercado doméstico forte e resiliente. E com a pandemia o brasileiro começou a valorizar o turismo doméstico. O cenário inflacionário sempre impacta o turismo não só no Brasil, mas no mundo - afirma ela, destacando que a plataforma conta com opções variadas de preços, desde quartos em apartamentos a casas inteiras."
Do Twitter para o Airbnb, Fiamma, que já passou por empresas de petróleo e telecomunicações, destaca a presença da tecnologia:
"Em comum há a presença da tecnologia e a digitalização fortíssima que estamos vendo nessa pós-pandemia. Hoje há velocidade e facilidade em ver, conversar e pagar. A tecnologia vem transformando tudo."