ESTUDO

USP cria implante feito com produto das algas que substitui os ossos no tratamento de câncer

Combinação com colágeno foi desenvolvida por pesquisadores da USP e substituir implantes para tratar traumas

Resultados sugerem que novo biomaterial tem potencial para substituir ossos naturais em defeitos e implantes - Fapesp

Um novo implante desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostrou ser capaz de substituir os ossos do corpo humano para tratar doenças, como cânceres. A substância é feita com biomaterial composto com colágeno e carragenana, produto extraído de algas.

"Nossos resultados mostraram que a combinação de carragenana e colágeno estimulou melhor as células do que apenas o colágeno", disse Ana Paula Ramos, professora de química e coordenadora do estudo, ao Jornal da USP. "A ideia agora é realizar testes in vivo para avaliar a possibilidade e a segurança de preencher qualquer tipo de defeito ósseo com esse biomaterial".

O novo biomaterial, descrito pela revista científica Biomacromolecules, foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Físico-Química de Superfícies e Coloides da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.

O modelo usado atualmente em implantes é feito com materiais retirados do corpo do próprio paciente. Por exigir uma cirurgia adicional, o procedimento não é simples. Há o risco de infecções, além de a intervenção não poder ser feita em grandes áreas do corpo.

A tendência, a fim de evitar as dificuldades, tem sido o desenvolvimento de materiais artificiais que repliquem com similaridade, segurança e eficiência a estrutura óssea.

Presente no novo biomaterial, a carragenana, por exemplo, se assemelha ao sulfato de condroitina (composto que pode ser encontrado nos ossos naturais) e tem a função de organizar e mineralizar a matriz óssea e promover a adesão celular.

Essa substancia, que é extraída de algas, é usada com frequência na indústria alimentícia e de cosméticos como estabilizante. Os pesquisadores do estudo destacaram como pontos positivos da carragenana: a abundância, baixo custo e proveniência de fontes renováveis.

Segundo Lucas Fabrício Bahia Nogueira, também autor do estudo, a descoberta abre caminho para que o novo biomaterial também possa ser usado em novas pesquisas sobre doenças, como as cardiovasculares e renais.