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Mauro Cid e Anderson Torres: CPI do DF sobre atos antidemocráticos retoma depoimentos de autoridades

Nesta quinta, será ouvido o major da PM que teria dado ordem para a tropa recuar

O ex-ministro Anderson Torres e o ex-presidente Jair Bolsonaro - Pablo Jacob

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) vai retomar as atividades, após o recesso parlamentar, nesta quinta-feira (3). O primeiro depoimento será o do major da Polícia Militar Flávio Silvestre de Alencar, que teria dado ordem para a tropa recuar enquanto as sedes dos três Poderes eram invadidas e depredadas, em 8 de janeiro.

Também estão previstas em agosto as oitivas do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, e do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres.

De acordo com o cronograma da CLDF, Alencar deverá ser ouvido a partir das 10h. Preso em 23 de maio, durante uma das fases da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, ele foi flagrado em um grupo de conversas de militares dizendo “que na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso". A mensagem se deu em dezembro do ano passado, quando oficiais comentavam sobre possíveis manifestações em Brasília.

Na próxima quinta-feira, dia 10, está marcado o depoimento do delegado da PF Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e também ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Ele ficou detido por 117 dias, no Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar, no Guará, por suspeita de omissão nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Torres é investigado em inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) por sabotar o esquema de proteção montado para evitar os ataques às sedes dos Três Poderes. Em maio, teve a prisão preventiva revogada, por decisão do ministro Alexandre de Moraes. Atualmente, sua liberdade está condicionada ao cumprimento de uma série de medidas, como o uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar de noite e nos fins de semana e a proibição de deixar o Distrito Federal. Além disso, ele também está proibido de utilizar redes sociais e de conversar com outros investigados.

Na semana seguinte, dia 17, deverá ser ouvido o delegado Leonardo de Castro Cardoso, diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal. Ele foi o responsável pela investigação que levou a prisão e a condenação de George Washington de Oliveira Souza e Alan Diego dos Santos Rodrigues pela tentativa de explosão de uma bomba nos arredores do aeroporto, em dezembro de 2022

No dia 24, está previsto o depoimento do tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, que atuou como ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele está preso há quase três meses por suspeita de participação em um esquema de fraude dos cartões de vacinação contra a Covid-19 da sua família, de assessores e parentes do ex-presidente. Ao ser interrogado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional, o oficial ficou calado.

Já no dia 31 agosto, os deputados devem ouvir o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Reginaldo de Souza Leitão. Diretor do Centro de Inteligência da corporação, o oficial teria sido o responsável pelas investigações internas sobre os ataques no aeroporto e também as invasões aos prédios públicos.