EUA

Trump vira réu pela 3ª vez, em caso mais delicado para as eleições; veja situação do ex-presidente

Ele foi acusado de tentar reverter resultado das eleições de 2020, quando foi derrotado

Donald Trump - Rob Carr / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi acusado, nesta terça-feira (1), de tentar reverter o resultado das eleições de 2020, após uma extensa investigação federal sobre suas tentativas de se manter no poder depois de perder a Presidência para o democrata Joe Biden.

Com a nova acusação, Trump vira réu em um caso criminal federal pela terceira vez apenas neste ano — ele também é alvo de processos por suposto suborno a uma ex-atriz pornô em 2016 e por manusear de forma ilegal documentos secretos quando deixou a Casa Branca.

Apesar disso, não há nada na Constituição americana que impeça um réu de concorrer à Presidência da República. Os únicos critérios listados são que o postulante deve ser um cidadão nato americano e ter mais de 35 anos. Portanto, mesmo que venha a ser condenado, Trump poderia eventualmente voltar a à Casa Branca caso seja eleito.

Veja abaixo um guia sobre os principais casos criminais, tanto no nível estadual quanto federal, envolvendo o ex-presidente dos EUA:

Tentativa de reverter eleição de 2020

Status: Acusação apresentada pelo procurador especial federal Jack Smith em 1º de agosto de 2023;

Entenda: Relacionado aos esforços de Trump para manter o poder após a eleição de 2020 e o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, sede do Legislativo americano. A extensa investigação de Smith tem examinado as várias maneiras pelas quais o republicano procurou permanecer no poder apesar de perder para o democrata Joe Biden, atual presidente, culminando no ataque sem precedentes ao Capitólio por uma multidão de apoiadores de Trump. Em 18 de julho, Trump e seus advogados revelaram que ele havia recebido uma carta de sinalização dos promotores federais que lideram o inquérito, sugerindo que uma acusação formal por fraude e conspiração pode ocorrer em breve.

Retenção de documentos sigilosos

Status: Data de julgamento agendada para 20 de maio de 2024, no tribunal de Fort Pierce, na Flórida;

Entenda: O caso é relacionado ao tratamento de Trump em relação aos documentos confidenciais do governo que levou consigo ao deixar o cargo de presidente em 2021. Em junho, um grande júri federal na Flórida apresentou 37 acusações criminais contra Trump, incluindo retenção não autorizada de segredos de segurança nacional e obstrução dos esforços do governo para recuperar os arquivos. Um de seus assessores, Walt Nauta, também foi citado na acusação no mesmo mês. Três novas acusações contra o republicano foram adicionadas nesta quinta-feira. O ex-presidente teria pedido para um trabalhador de sua residência de veraneio na Flórida, em Mar-a-Lago, que apagasse imagens dos circuitos internos de segurança para obstruir a investigação sobre os arquivos em sua posse. Os promotores federais também acusaram um terceiro réu, Carlos de Oliveira, funcionário da manutenção do clube privado de Trump, de envolvimento no caso.

Suborno

Status: Data de julgamento agendada para 25 de março de 2024, no tribunal estadual de Nova York;

Entenda: O ex-presidente é alvo de 34 acusações de falsificação de documentos — uma para cada registro contábil supostamente fraudulento para encobrir pagamentos ao seu ex-advogado Michael Cohen, entradas financeiras falsas na Organização Trump e cheques assinados pelo próprio Trump. Segundo a Promotoria, os registros são evidências de um amplo esquema para encobrir possíveis escândalos que prejudicassem sua imagem nas eleições de 2016. Além da atriz pornô Stormy Daniels, com quem Trump teria tido um caso extraconjugal em 2006 e subornado com US$ 130 mil para abafar a história, a Promotoria também aponta o pagamento de US$ 30 mil a um porteiro da Trump Tower que teria conhecimento sobre um filho do magnata fora do casamento, e o da coelhinha da Playboy e ex-amante Karen McDougal, que teria pedido US$ 150 mil para manter a relação que mantiveram no passado longe dos holofotes.

Interferência eleitoral na Geórgia

Status: Em investigação no condado de Fulton;

Entenda: Relacionado aos esforços de Trump para reverter a derrota eleitoral no estado sulista da Geórgia, um ex-bastião republicano que se transformou em um importante estado-pêndulo, determinante para quem deseja virar presidente. Trump e vários de seus associados, como seu ex-advogado Rudolph Giuliani, estão enfrentando uma investigação criminal liderada por Fani Willis, promotora distrital do condado de Fulton, que sugeriu que as acusações poderiam ocorrer em agosto. A região foi essencial para a vitória de Biden

*Com The New York Times e AFP