Energia

Empresas migram para mercado livre em busca de mais economia

A migração dos consumidores de alta tensão para o mercado livre vai aumentar em 2024.

O superintendente do Recife Outlet, Marco Sodré - Foto: divulgação Recife Outlet

A migração de consumidores para o mercado livre de energia tem sido uma constante nos últimos meses. O principal motivo desta mudança é a  economia na conta de luz, um item que pesa no orçamento das empresas. No primeiro semestre deste ano, ocorreu um aumento de 52% dos consumidores nesta modalidade de consumo. O que está ocorrendo agora é pouco diante do que vem por aí. A partir de janeiro de 2024, todos os consumidores de alta tensão poderão migrar para o mercado livre. 

“Com a migração, conseguimos fazer uma economia, média, de 20%. O maior custo do Outlet é a energia e precisamos otimizar as despesas. Já tínhamos instalados vários equipamentos para reduzir o consumo, como os aparelhos de ar-condicionado com inverter”,  resume o superintendente do Recife Outlet, Marco Sodré. E acrescenta: “a energia que compramos para 2024 está 40% mais barata do que a adquirida em 2023”, afirma Marco. O centro de compras migrou para o mercado livre em dezembro de 2022. 

Além da economia, a sustentabilidade também entra neste cenário. “Estamos comprando e também vamos produzir energia limpa”, argumenta Marco. O Outlet planeja investir R$ 5 milhões na implantação de uma usina de geração solar que deve fornecer entre 50% e 60% do consumo do shopping. “A nossa intenção é fazer uma autogestão complementando com a energia comprada no mercado livre. A expectativa é de que no verão, a usina produza mais energia”, afirma Marco. A produção deste tipo de energia é maior, quando há mais incidência dos raios solares. As obras da usina vão começar no segundo semestre de 2024 e a expectativa de conclusão é no final de 2024.

Outra empresa que também aderiu ao mercado livre foi o Supermercados Fenix, que começou a sua transição em dezembro de 2022. A empresa tem 12 unidades instaladas no Litoral Sul de Pernambuco e Mata Sul. “Já são seis lojas consumindo energia do mercado livre e mais seis que vão entrar, a cada mês, até dezembro deste ano”, afirma o gerente administrativo da empresa, Ciro Tenório. 

“A economia foi em média de 17% a 20%, dependendo da loja. Isso faz diferença porque supermercado gasta muita energia com câmaras frias, ar-condicionado, fornos da padaria. É bom porque melhora a margem de lucro no final”, comenta Ciro. 

“Há um leque de cerca de 100 mil consumidores que podem migrar para o mercado livre a partir de janeiro de 2024. A estimativa é de que pelo menos metade deles esteja no Nordeste e isso vai incluir supermercados, academia de ginástica, restaurantes entre outros”, resume o presidente da Kroma Energia, Rodrigo Mello. Pernambucana, a empresa faz a comercialização de energia neste tipo de ambiente. Ele acrescenta que “até os prédios residenciais tão migrando para o mercado livre. Muitas construtoras estão olhando isso. Quem partir na frente, vai ganhar mercado”.

Entrantes no mercado de energia

A Kroma está contabilizando 50 novos “entrantes” por mês de clientes que consomem até 50 megawatt-hora (MWh) por mês e querem consumir no mercado livre. Isso não aumentou a receita da comercializadora, porque estes clientes só vão passar a consumir a energia a partir de 2024. Pela lei, eles não podem consumir no mercado livre atualmente.

No mercado livre de energia, o cliente pode escolher a empresa da qual vai comprar e a venda é feita por companhias especializadas. “Nesse caso, o cliente tem o produto de acordo com o seu perfil de consumo sem gerar sobra ou déficit. Não há obrigação de longo prazo. O preço é pré-definido com uma correção pelo IPCA. Na distribuidora, o cliente fica no escuro até ser definido o preço da energia”, explica Rodrigo. Os contratos no mercado livre geralmente são feitos num prazo de três a cinco anos.

Somente para o leitor entender, a venda de energia no Brasil é feita em dois tipos de mercado. O livre que foi o citado acima. O outro tipo é o mercado cativo formado pelos clientes que compram energia de uma distribuidora. Nele, o preço da energia é definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e todos os custos adicionais deste complexo sistema é cobrado do consumidor final nos reajustes que ocorrem na data de aniversário da concessão das distribuidoras. No preço da energia do mercado cativo, é incluído até o preço de geração das usinas térmicas quando a água está escassa nos reservatórios das hidrelétricas, além do mau gerenciamento – inclusive por motivos políticos – que traz prejuízos para o consumidor. 

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