Aliada de Bolsonaro, pró-armas e ex-ativista feminista: quem é Carla Zambelli, deputada alvo da PF
Às vésperas do segundo turno da eleição de 2022, parlamentar sacou uma arma para homem no Jardins, em São Paulo
Eleita em 2018 e reeleita em 2022 como uma das maiores aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) é alvo de busca e apreensão pela operação 3FA, realizada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (2), em Brasília. O objetivo da operação é esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). No mesmo escopo, a PF também cumpre um mandado de prisão contra o hacker Walter Delgatti. Agentes estão no apartamento e no gabinete da parlamentar, em Brasília, e na casa do hacker, em São Paulo.
A parlamentar foi a terceira deputada federal mais votada do país na última eleição, com 946 mil votos perdendo apenas para Nikolas Ferreira (PL-MG) e Guilherme Boulos (PSOL-SP), e a segunda mais votada em São Paulo.
Um dos casos mais emblemáticos de Zambelli foi o episódio ocorrido às vésperas do segundo turno de 2022. Em meio a alta polarização entre os apoiadores de Lula e Bolsonaro, Zambelli, já reeleita, sacou uma arma e apontou para um homem na tarde no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo.
Hacker aponta contratação de Zambelli
O hacker Walter Delgatti Netto disse em depoimento à Polícia Federal que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) o contratou para invadir as contas de e-mail e o telefone do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta quarta-feira, Zambelli foi alvo de mandados de busca e apreensão em seu apartamento e gabinete, em Brasília, e Delgatti foi preso, em São Paulo.
Em depoimento, o hacker contou que a deputada fez o pedido em um encontro na Rodovia dos Bandeirantes, na capital paulista, em setembro de 2022. À PF, ele disse que só conseguiu acessar o e-mail de Moraes, mas não encontrou nada de comprometedor, e que não obteve êxito ao tentar acessar o celular do magistrado.
Delgatti também alegou ter tentado invadir o sistema de segurança das urnas eletrônicas, mas também sem sucesso.
Zambelli, que chegou a levar o hacker a reuniões em Brasília, afirmou a interlocutores que sua intenção era discutir a possibilidade de ele integrar uma equipe de consultores contratados para fiscalizar as urnas eletrônicas. A parlamentar levou Delgatti a um encontro com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido, e outro com o então presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.
Preso em 2019 na Operação Spoofing, Delgatti foi o responsável por invadir o Telegram e copiar diálogos de integrantes da Operação Lava-Jato. O plano de Zambelli era que ele fosse contratado como um especialista em ataques cibernéticos pelo Instituto Voto Legal, indicado pelo PL ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para auditar as eleições em outubro — a instituição ainda aguarda o credenciamento da Corte.
De acordo com a PF, Operação 3FA realizada nesta manhã tem o objetivo de esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Estão sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva no estado de São Paulo e três mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, além de análise do material apreendido.