Arcabouço Fiscal

Lira garantiu que reforma ministerial não afeta votação do arcabouço fiscal, diz Haddad

Proposta pode ser votada na próxima semana, afirma o ministro. Nova regra para contas públicas precisa ser validada até o fim do mês para nortear a proposta do Orçamento de 2024

Segundo Haddad, Lira deve chamar uma reunião de líderes para discutir o projeto junto com o relator, Cláudio Cajado (PP-BA) - Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que ouviu do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que as discussões da reforma ministerial que o presidente Lula pretende fazer para trazer o Centrão para o governo não interferem na votação do arcabouço fiscal. O novo marco para as contas públicas precisa ser votado até o fim de agosto para ser usado como base para o Orçamento do próximo ano.

— Eu perguntei para ele (Lira) e ele falou: “olha, não tem nada a ver arcabouço fiscal com mexida em ministério, absolutamente, não tem nada a ver uma coisa com a outra” — disse Haddad. — Ele (Lira) falou que não vai esperar nada, que não tem nenhum constrangimento em relação ao governo. Não está esperando nenhuma ação do governo para votar. Deixou claríssimo isso. Até porque ele sabe da importância para definir as regras para o Orçamento do ano que vem.

Enquanto o governo ainda tenta construir uma base parlamentar sólida, o foco da pauta econômica se voltará para o Congresso, com o retorno dos trabalhos na Câmara e no Senado, como mostrou O Globo nesta quarta-feira.

O Centrão, grupo comandado por Lira, deseja ampliar sua presença no governo e integrar o primeiro escalão. Integrantes do governo e do PT temem que a indefinição política a respeito da composição do governo afete o cronograma da pauta econômica.

— Ele (Lira) deixou muito claro que não existe nenhum constrangimento, ao contrário. A Câmara reúne os líderes provavelmente na semana que vem para fazermos o arremate final — disse o ministro.

Segundo Haddad, Lira deve chamar uma reunião de líderes para discutir o projeto junto com o relator, Cláudio Cajado (PP-BA).

— Devemos ter nos próximos dias o arcabouço votado, talvez a semana que vem ainda. Ele não se comprometeu com prazo, porque precisa se reunir com os líderes.

As mudanças nos ministérios que estão sendo avaliadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva serão feitas para trazer o Centrão para o governo. PP e Republicanos indicaram os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para compor o governo, mas o Planalto ainda não definiu quais pastas eles irão comandar.

— Qualquer votação aqui na Câmara e no Senado vai estar sempre sendo influenciada pelo funcionamento do governo, pela composição do governo e por essa dita minirreforma ministerial — avaliou ontem o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR).