Rompimento com Joice, arma e até processo contra a Wikipedia: veja sete polêmicas de Carla Zambelli
Deputada bolsonarista foi alvo de busca e apreensão da PF nesta quarta-feira (2)
Alvo de mandados de busca e apreensão em operação da Polícia Federal realizada nesta quarta-feira (2), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) elegeu-se em 2018 e se cacifou para um novo mandato no ano passado como uma das principais aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde que tomou posse na Câmara, porém, a parlamentar acumula episódios polêmicos e até rachas com antigos parceiros políticos, como a ex-parlamentar Joice Hasselmann.
Zambelli é investigada por suposto envolvimento na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Segundo a PF, o hacker Walter Delgatti, responsável por vazar conversas entre procuradores e juízes da Lava-Jato, afirmou que o próprio Bolsonaro perguntou, durante reunião com Zambelli, se ele conseguiria invadir o sistema das urnas eletrônicas.
Relembre abaixo episódios polêmicos envolvendo Carla Zambelli:
Arma apontada para homem
Um dos casos mais emblemáticos envolvendo Zambelli ocorreu às vésperas do segundo turno da eleição presidencial de 2022. Em meio à alta polarização entre os apoiadores de Lula e Bolsonaro, Zambelli, já reeleita, sacou uma arma e apontou para um homem à luz do dia, no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo. Desde o episódio, a paulista sofre críticas e está isolada dentro do PL.
Ações na Câmara e no TSE
A operação da PF coincide com a apreciação de processos contra Zambelli no Conselho de Ética da Câmara. Os parlamentares apreciaram nesta quarta-feira ações contra a deputada por ter constrangido o deputado Duarte (PSB-MA) durante audiência com Flávio Dino, ministro da Justiça.
A deputada também acumula processos na Justiça por divulgar notícias falsas e por danos morais. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por exemplo, multou Carla Zambelli pela veiculação de conteúdo sabidamente inverídico sobre o então candidato à presidência Lula. Ela foi autuada em R$ 30 mil por publicações que atribuíram ao petista supostos atos de corrupção e crimes financeiros.
Rompimento com Joice Hasselmann
Joice e Zambelli tiveram uma relação conturbada durante o tempo em que estiveram juntas na Câmara dos Deputados. Em um primeiro momento, as duas, ainda apoiadoras do ex-presidente Jair Bolsonaro, chegaram a fazer campanha juntas em 2018. Após o rompimento de Joice com o bolsonarismo, contudo, as ex-amigas se afastaram e iniciaram uma série de ataques, com direito a discussões pelas redes sociais.
Em julho, após o hacker Walter Delgatti Netto afirmar à Polícia Federal que Zambelli teria lhe pedido para invadir as contas de e-mail e telefone de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joice chamou a ex-amiga de "burra", "bandida" e personagem "folclórico" digno do "deboche" em vídeo publicano nas redes sociais.
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Em outro caso, a deputada foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a indenizar Manuela D’Ávila por danos morais após associar a ex-parlamentar com a "esquerda genocida". Em abril, Zambelli divulgou um Pix pedindo contribuição financeira de apoiadores para pagar os processos.
Perfis bloqueados
Em dezembro do ano passado, os perfis da deputada foram bloqueados a pedido do ministro Alexandre de Moraes. O magistrado determinou ainda que o Ministério Público Eleitoral adote providências sobre a insistência da deputada em divulgar denúncias sem provas sobre fraudes no processo eleitoral, questionar o resultado das urnas e incentivar atos antidemocráticos.
Críticas a Bolsonaro
Zambelli também já protagonizou um embate com o próprio Bolsonaro. Em fevereiro, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a deputada criticou o aliado por não ter agido para desmobilizar as manifestações na porta de quartéis após a derrota para Lula nas eleições do ano passado. "Ele seria um remédio se tivesse dito que era para as pessoas saírem", disse a parlamentar, que também questionou o fato de Bolsonaro, que se encontrava nos Estados Unidos à época, não voltar ao Brasil para liderar a oposição.
Após a declaração, Zambelli passou a ser vista como traidora pelo núcleo duro bolsonarista — termo que chegou a ser usado pelo próprio ex-presidente junto a interlocutores. Publicamente, ele até tentou desdenhar do episódio, mas deixou transparecer o incômodo: "Eu não li essa entrevista, nem vou ler”, afirmou Bolsonaro à CNN Brasil.
Ação contra Wikipedia
Em 2022, Zambelli entrou com ação na Justiça do Distrito Federal contra a Wikipedia Foundation Inc., responsável por administrar o site Wikipedia, devido a informações que constam em sua biografia no site, como mostrou o colunista do GLOBO Ancelmo Gois. Na época, a parlamentar alegou que já teria tentado entrar em contato com os gestores do site, mas foi "ignorada" ao pedir para trocar duas informações que constam no site.
A deputada bolsonarista negou ter integrado o movimento Femen Brazil, que no início da década de 2010 defendia pautas ligadas ao feminismo, e ter usado uma vaquinha online feita por eleitores para pagar multa em processo movido pelo ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) por tê-lo agredido verbalmente em redes sociais.
Envolvimento com atos antidemocráticos
Carla Zambelli foi intimada pela Polícia Federal a depor no inquérito que apurava os atos antidemocráticos do 7 de setembro de 2021. A investigação mira a suposta organização de manifestações golpistas no feriado nacional da Independência do Brasil em 2021.
De acordo com as autoridades, ela teria participado e organizado atos antidemocráticos junto com outros aliados bolsonaristas. Naquele ano, em evento na Avenida Paulista, o então presidente Jair Bolsonaro fez ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de "canalha".