Futebol Feminino

Eliminação na Copa tem adeus a Marta, futuro incerto para Pia e garantia de investimento da CBF

Seleção feminina caiu pela primeira vez na fase de grupos da Copa desde 1995

Marta foi titular na partida contra a Jamaica - WILLIAM WEST/ AFP

O empate sem gols com a Jamaica, na manhã desta quarta-feira (2), encerrou de forma melancólica a caminhada do Brasil rumo ao inédito título da Copa do Mundo feminina. Em um grupo considerado acessível, as atletas dirigidas por Pia Sundhage, além de tropeçarem nas jamaicanas, golearam a fraca seleção do Panamá e perderam para a sempre favorita França. A eliminação precoce encerrou o ciclo de Marta com a camisa verde e amarela em Mundiais e deixa em aberto o futuro da técnica sueca. 

Considerada a maior de todos os tempos por muitas na modalidade, a camisa 10 disputava o torneio pela sexta e última vez. Contudo, apesar de dizer estar vivendo um “pesadelo”, declarou que a categoria está no caminho certo no País. “Não é, nem nos meus piores pesadelos, a Copa que eu sonhava. Mas é só o começo, o povo brasileiro pedia renovação e está tendo renovação. Acho que a mais velha aqui sou eu e temos muitas jogadoras novas, com muito talento e com um caminho enorme à frente. Termino aqui, mas elas continuam", relatou a seis vezes melhor do mundo. 

Figura essencial na luta pelo desenvolvimento do futebol feminino no Brasil, Marta deixou a Copa sem balançar as redes pela primeira vez. No entanto, a maior artilheira da história do certame, com 17 gols, fez um apelo para o público seguir apoiando as meninas da seleção e a categoria no País. 

"Quero que o Brasil continue tendo o mesmo entusiasmo que teve quando começou a Copa, que continue apoiando, porque as coisas não acontecem de um dia para o outro. Isso mostra que o futebol feminino está crescendo, que é um produto que dá lucro e prazer de assistir. Então apoiem, continuem apoiando", pontuou. "Para elas, é só o começo. Para mim, é o fim da linha agora", finalizou emocionada. 

O empate sem gols com a Jamaica culminou na pior campanha da seleção feminina em Copas desde 1995. Tal desempenho caiu sobre os ombros de Pia, que recebeu uma enxurrada de críticas dos torcedores nas redes sociais. Principalmente pela falta de coragem da equipe e por entenderem que a falta de investimento cobrada em outras ocasiões, não pode mais ser usada como 'muleta' em 2023. Classificadas, as jamaicanas, por exemplo, fizeram uma vaquinha online para ir ao Mundial. Logo após a partida, a sueca lamentou o tropeço, mas deixou claro que "temos que encarar os resultados". 

Na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o pedido pela saída da treinadora, após o fiasco no Mundial da Austrália e Nova Zelândia, parece crescer. Ainda depois do jogo, a zagueira e capitã Rafaelle foi questionada sobre uma possível permanência da técnica estrangeira. Ao responder, declarou que "se tiver alguém com mais qualidade, o futebol feminino merece isso".  

Anunciada em 2019, Pia Sundhage participou de todo o processo para o Mundial de 2023. Ao todo, são 57 jogos no comando da seleção, com 34 vitórias, 13 empates e dez derrotas. Um aproveitamento de 67% e o título da Copa América em 2022 para o currículo. 

Na CBF, contudo, o presidente Ednaldo Rodrigues ainda não comentou sobre a possibilidade de trocar o comando. Através das redes sociais da entidade, o mandatário optou por não adotar um discurso de terra arrasada e garantiu investimento ainda maior na modalidade Brasil afora. "Antecipo que este resultado em nada irá mudar o propósito da CBF, na minha gestão, de continuar investindo de forma consistente no futebol feminino como um todo. Pelo contrário, vamos intensificar este investimento", iniciou.

"É com seriedade, trabalho e comprometimento que crescemos. Essa Copa do Mundo despertou o Brasil para o futebol feminino e, junto com o torcedor, vieram novos patrocinadores", continuou.