Ciência

Revistas médicas alertam para ameaça nuclear 'crescente' no mundo

O texto é publicado na mesma semana de uma reunião em Viena do comitê preparatório para uma nova revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear da ONU, que entrou em vigor em 1970

Armamento nuclear - KNS/AFP

Uma centena de revistas médicas de todo o mundo emitiram nesta quinta-feira (3), noite de quarta em Brasília) um apelo conjunto para agir urgentemente para a eliminação das armas nucleares, diante da "importante e crescente" ameaça de uma catástrofe.

O apelo surge após ameaças veladas do presidente russo, Vladimir Putin, de usar esse tipo de armamento na Ucrânia, lançamentos repetidos de mísseis da Coreia do Norte e bloqueio de iniciativas de não proliferação.

"O perigo é significativo e crescente", escrevem em um editorial conjunto os editores-chefes de onze revistas de prestígio, incluindo BMJ, Lancet, JAMA e New England Journal of Medicine.

"Os Estados detentores de armas nucleares devem eliminar seus arsenais nucleares antes que eles nos eliminem", diz o artigo.

"O fato de todas essas revistas proeminentes concordarem em publicar o mesmo editorial destaca a extrema urgência da atual crise nuclear", declarou Chris Zielinski, da Associação Mundial de Editores de Imprensa Médica.

O texto é publicado na mesma semana de uma reunião em Viena do comitê preparatório para uma nova revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear da ONU, que entrou em vigor em 1970.

A décima revisão deste tratado em 2022 não resultou em uma declaração conjunta. Os Estados Unidos culparam o "obstrucionismo cínico" da Rússia por esse fracasso.

No domingo, também será o 68º aniversário da primeira vez que uma arma nuclear foi usada contra civis, no lançamento de uma bomba atômica pelos Estados Unidos na cidade japonesa de Hiroshima em 6 de agosto de 1945.

Qualquer uso de uma arma nuclear "seria catastrófico para a humanidade", afirma o editorial.

"Até mesmo uma guerra nuclear 'limitada', envolvendo apenas 250 das 13.000 armas nucleares no mundo, poderia matar 120 milhões de pessoas e provocar uma perturbação climática global que levaria a uma fome nuclear e colocaria em risco 2 bilhões de pessoas", garantem os autores.