'Tendência é que novos fatos apareçam", afirma Dino sobre investigação envolvendo Zambelli
Ministro da Justiça também defendeu uma mudança na formação de policiais
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou nesta quinta-feira (3) que a "tendência é que novos fatos apareçam" na investigação envolvendo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti. Dino citou a possibilidade de "novas confissões" no caso e também afirmou que novos fatos podem surgir do material apreendido pela Polícia Federal (PF).
— Não é possível a mim antecipar resultados que ainda não ocorreram. Mas a experiência jurídica indica que, neste caso, que você tem um inquérito denso, com muitos fatos apurados, a tendência é que essas provas de avolumem, na medida em que pessoas foram presas, houve buscas e apreensões, houve possibilidade de novas confissões. Então eu creio que a tendência é que novos fatos apareçam. Não sei exatamente em que sentido, mas com certeza são apurações que vão avançar — afirmou Dino, após a posse de Cristiano Zanin no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na quarta-feira, Delgatti foi preso preventivamente e endereços de Zambelli foram alvos de mandados de busca e apreensão, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Os dois são suspeitos de planejarem invasões a sistemas eletrônicos do Judiciário.
Questionado se há a possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro ser chamado a depor no caso, Dino afirmou que não poderia afirmar, mas ressaltou que as investigações são "sérias" e estão avançando contra "todos os perpetradores de ataques" à Constituição.
— O que é importante é nós considerarmos que as investigações são sérias, são independentes, são técnicas e estão avançando em relação a todos os perpetradores de ataques contra a democracia e contra a Constituição.
'Nova matriz curricular'
Dino também foi questionado sobre chacinas cometidas recentemente por policiais em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro e afirmou que o Ministério da Justiça defende uma revisão na formação das policiais, mas ressaltou que isso cabe aos estados. O ministro declarou que há preocupação tanto com a morte de policiais quanto com abusos cometidos por eles.
— Quem comanda as polícias estaduais são os governadores. O que nós fazemos é enfatizar a importância de haver uma nova formação policial. Nós teremos uma nova matriz curricular nacional em relação a essa formação dos policiais, novas parcerias com os estados, visando diminuir duas anomalias que não nos interessam. De um lado, policiais sendo assassinados. Essa é uma preocupação também. Profissionais de segurança têm que estar protegidos. Por outro lado, também ocorrências graves de lesões a direitos da sociedade.