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BMW, mansão e movimentação de R$ 5,3 milhões em conta: quem é Maxwell Simões, preso no caso Marielle

Ex-bombeiro é acusado de ceder carro para que Ronnie Lessa escondesse arma que teria sido usada nas mortes da vereadora e do motorista Anderson Gomes

Maxwell Simões - Reprodução/Twitter

Ex-sargento do Corpo de Bombeiros, Maxwell Simões Correa, o Suel, se encontra preso penitenciária federal de Brasília após ser apontado como cúmplice do ex-sargento da Polícia Militar Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Ele foi preso pela segunda vez durante a Operação Élpis, no Ministério Público do Rio e da Polícia Federal, no último dia 24. Nesta sexta-feira, agentes federais cumpriram sete mandados de busca e apreensão contra pessoas envolvidas com um esquema de gatonet que Suel teria arrendado após sua primeira prisão, em 2020.

Desde que começou a ser alvo de investigações chama a atenção o luxo que envolve Suel. Nas redes sociais, ele costumava ostentar uma vida de riqueza. Fotos mostravam o ex-bombeiro em momentos de lazer. Em uma das imagens ele aparecia tomando cerveja na piscina de casa, avaliada, na época da primeira prisão, em quase R$ 2 milhões. O ex-bombeiro estava com um cordão dourado. Em outras imagens, o ex-bombeiro aparecia em uma lancha, aproveitando o dia de sol em alto mar.

Segundo apontou a Polícia Federal, Suel movimentou valores incompatíveis com seu salário. Um levantamento de informações feito com base no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revela o registro de entrada e saída de cerca de R$ 6,4 milhões. entre 2019 e 2021, nas contas bancárias dele. Parte do valor foi movimentado por uma empresa vinculada ao ex-bombeiro após o crime, em apenas três meses.

Suel — que ganhava R$ 10 mil por mês como bombeiro — fez, entre 12 de março de 2019 e 13 de outubro de 2021, pagamentos no valor de R$ 567 mil. No mesmo período, recebeu R$ 569 mil em sua conta bancária pessoal, segundo relatório. No total, a movimentação chega a R$ 1,1 milhão. Valor este que, de acordo com a PF, é incompatível com seu salário como servidor.

Além disso, em 2021, o ex-bombeiro virou sócio da empresa Rohden Imports, criada naquele ano, possivelmente para lavagem de dinheiro, segundo avaliação da PF. Em apenas três meses, essa empresa movimentou R$ 5,3 milhões.

Voltada para o comércio varejista de veículos, o estabelecimento localizado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, tinha inicialmente como sócios o ex-bombeiro e Edilaine Rohden. A sociedade foi desfeita em maio deste ano, quando a empresa passa exclusivamente para o nome de Maxwell. Na ocasião, o empreendimento também teve o nome alterado para Maxxspeed Automóveis.

Qual foi a participação de Maxwell no caso Marielle e Anderson?
O ex-bombeiro é acusado de ter cedido um carro para a quadrilha de Lessa, logo após o ex-PM ter sido preso, em março de 2019. No veículo teriam sido escondidas armas por uma noite. Um dos cúmplices de Lessa, Josinaldo Freitas, o Djaca, teria sido responsável por recolher o armamento e jogá-lo no mar para evitar a apreensão. A polícia cogitou que uma das armas pode ter sido usada no ataque contra Marielle. O veículo de Suel ficou estacionado no pátio de um supermercado na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Suel, segundo as investigações, tentou plantar falsas testemunhas para esconder a propriedade do carro, mas elas foram desmentidas.

Amizade de Maxwell e Lessa
Suel é considerado, junto ao ex-PM Écio Queiroz, o melhor amigo de Ronnie Lessa. Foi o ex-bombeiro que salvou Lessa durante uma troca de tiros no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca. Na ocasião, logo após os assassinatos de Marielle e Anderson, o ex-PM havia sofrido um assalto e ajudado por Maxwell.

O ex-bombeiro foi condenado a quatro anos de prisão por atrapalhar as investigações sobre a morte da vereadora e de seu motorista. Ele cumpria pena em regime aberto até ser novamente detido nesta segunda.