Petrobras

'Petrobras não pode tomar decisões com base na volatilidade do mercado', diz Haddad

Ministro defendeu a política de preços da petroleira e disse queda de 47% na receita da companhia é resultado da queda do dólar

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta sexta-feira a política de preços da Petrobras, que deixou de utilizar política de preço de paridade de importação (PPI). Nesta sexta-feira, em São Paulo, o ministro justificou a diferença de preços praticados pela empresa com os preços internacionais a uma "volatilidade no exterior".

— Um dos compromissos do governo é não se deixar levar pelas volatilidades de curto prazo e fazer as projeções de preço dos combustíveis no Brasil com base naquilo que é concreto e não com base no que é especulativo.

Haddad afirmou que "conversa todos os dias" com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já que, embora a Fazenda não tenha ingerência sobre os preços praticados pela empresa, o tema tem influência direta na política econômica.

Ontem, a Petrobras reportou lucro de R$ 28,782 bilhões no segundo semestre de 2023, com uma queda de 47% em relação ao mesmo período do ano passado, quando os ganhos chegaram a R$ 54,3 bilhões. A companhia informou que o resultado foi incluenciado pela queda na cotação do petróleo no mercado internacional.

— Toda a vez que a Arábia Saudita decide cortar a produção, o preço sofre uma oscilação. Aí as pessoas começam a especular se a Petrobras vai aumentar o preço em virtude do aumento do preço de uma semana e não deixar os preços do Petróleo acomodarem. A Petrobras não pode tomar decisões com base na volatilidade do mercado — afirmou Haddad, que também citou a influência da queda do dólar no resultado da petroleira.

'Copom foi correto'
O ministro também voltou a defender a decisão do Comitê de Política Monetária, nesta quarta-feira, de reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, para 13,25%. Parte do mercado esperava uma queda menor, de 0,25 pp.

Nesta quinta-feira, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, fechou em queda 0,23%, aos 120.586 pontos. O dólar encerrou o dia com alta de 1,96%, vendido a R$ 4,89, enquanto as taxas de juros de longo prazo sofreram com forte alta.

— (A turbulência) foi atribuída indevidamente à decisão correta que o Copom tomou de cortar em 0,50 pp a taxa de juros, que continua a mais alta do mundo. Então vamos ter um pouco mais de cautela nas análises porque hoje o dólar já voltou a cair.

Apesar do comunicado do Copom deixar a sinalização de próximos cortes de na mesma faixa de 0,5 pp, alguns analistas passaram a trabalhar com a perspectiva de uma aceleração do ritmo de corte de juros pelo Banco Central.

— Só quero passar a ideia de que nós não podemos nos deixar levar por movimentos especulativos no exterior, seja preço de commodity ou de taxa de juros, a não ser quando esse movimento é consistente e estrutural. Sobretudo usar isso de argumento para criticar a correta decisão que o Banco Central tomou nesta semana.

'Bomba' dos precatórios
Aos jornalistas, o ministro da Fazenda também indicou que o governo a tendência é que o patamar dos precatórios volte a uma trajetória "razoavelmente administrável". O ministro indicou que o fluxo do passivo acumulado nos últimos 12 meses deve ficar em cerca de R$ 7 bilhões, segundo dados de fechamento do Tesouro. A expectativa inicial estava entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões.

— Tudo corre para que o patamar dos precatórios volte para o nível administrável. Eu estava esperando por isso (os cálculos do Tesouro). Se caminhar como estamos prevendo, nós vamos ter uma solução e não vamos deixar essa bomba para o próximo governo.

Em 2021, a "PEC dos Precatórios", aprovada sob a gestão de Paulo Guedes, adiou o pagamento, pelo governo, dos compromissos de pagamento da União decorrente de decisões judiciais. A Emenda Constitucional estabelece que o passivo deve ser pago até 2027.