Lula volta a chamar impeachment de Dilma de golpe ao lado de dois senadores que votaram a favor
Eduardo Braga e Omar Aziz votaram contra ex-presidente, mas hoje são aliados do PT
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a referir-se nesta sexta-feira ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como um "golpe". Dessa vez, a declaração foi feita ao lado de dois senadores que votaram de forma favorável à destituição, mas que hoje são aliados: Eduardo Braga (MDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM).
— Lamentavelmente, depois que deram um golpe na presidente Dilma Rousseff, porque inventaram uma mentira para tirar ela da Presidência da República, esse país desandou, esse país andou para trás — discursou Lula durante evento em Parintins (AM).
Em 2016, o Senado aprovou o impeachment e retirou Dilma do cargo por 61 votos a 20, entre eles o de Braga e Aziz. O emedebista, inclusive, havia sido ministro de Dilma até meses antes. Os dois reaproximaram-se do PT durante o governo de Jair Bolsonaro e foram apoiados por Lula na última eleição — Aziz foi reeleito senador, e Braga foi derrotado na disputa do governo estadual.
No entendimento da maioria dos senadores, a ex-presidente cometeu crime de responsabilidade contra a lei orçamentária ao atrasar repasses do governo a bancos públicos, o que ficou conhecido como "pedaladas fiscais", e editar decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso. Dilma sempre negou irregularidades e classificou o processo como "golpe".
No início do governo, Lula já havia classificado o impeachment de Dilma como “golpe de Estado”, durante a viagem ao Uruguai. A declaração provocou desconforto em partidos da base como MDB e União Brasil, deu munição para provocações da direita e reacendeu disputas antigas com rivais como o PSDB.