Prova de natação no Sena é anulada por poluição e preocupa a menos de um ano da Olimpíada
Autoridades, porém, garantem que estão confiantes antes da realização do evento
Primeiro revés nos testes de água do Sena antes dos Jogos Olímpicos de Paris 2024: a competição de natação em águas livres marcada para este fim de semana teve que ser totalmente cancelada neste domingo (6) devido à poluição do rio, mas as autoridades garantem que estão confiantes antes da realização do evento (26 de julho a 11 de agosto do próximo ano).
Depois de uma última reunião noturna entre o comitê organizador (Cojo), a cidade de Paris, as federações esportivas e outras organizações, para estudar as últimas análises, foi tomada a decisão de não permitir que os nadadores pulassem da ponte Alexandre III, no coração de Paris, para este evento do Mundial.
O motivo foram as fortes chuvas durante a semana, que transbordaram as redes de esgoto e levaram as águas residuais de volta ao rio.
"Estamos todos desapontados nesta manhã (de domingo), em primeiro lugar pelos atletas e por toda a organização do evento. Aconteceu em poucas horas", reagiu Pierre Rabadan, responsável pela pasta de Esportes, Jogos Olímpicos e Sena da prefeitura de Paris.
Quando o tempo melhora gradualmente, garantiu que, segundo análises em tempo real da prefeitura, a qualidade da água do Sena estava "boa" na manhã deste domingo. Mas a decisão foi tomada com base em uma análise da bactéria Escherichia coli de 24 horas, com uma concentração que ultrapassou o limite permitido: 1.300 UFC/100 ml, quando a federação internacional de natação (World Aquatics) impõe uma taxa inferior 1.000.
Desde quinta-feira, a Federação Francesa de Natação (FFN), em acordo com a World Aquatics, apontou a qualidade da água "abaixo dos padrões aceitáveis" e cancelou os treinos antes de adiar a prova feminina de sábado para domingo.
"Saúde é prioridade absoluta"
A World Aquatics afirmou neste domingo que estava "decepcionada com o fato de a qualidade da água ter levado ao cancelamento deste evento do Mundial". "Mas a saúde dos atletas deve ser sempre a nossa prioridade absoluta", afirmou Husain Al-Musallam, seu presidente, citado no comunicado divulgado neste domingo.
Nos últimos quatro dias, o Cojo, a cidade de Paris e a prefeitura da região de Ile-de-France indicaram, por sua vez, que as chuvas são "excepcionais" para a temporada. Esta última havia decidido em 27 de julho autorizar a competição, com base em 42 análises de água de junho e julho.
"A qualidade da água vai continuar a ser monitorizada, com a esperança, com base nas atuais previsões meteorológicas, de que atletas de alto nível possam participar numa competição no Sena, no Triathlon Test Event agendado para ser realizado de 17 a 20 de agosto", explicou o comitê organizador.
Outro cancelamento dentro de dez dias seria preocupante para os organizadores e para a cidade de Paris, mas neste domingo tanto o Cojo quanto a prefeitura de Paris estavam confiantes de que poderiam organizar a competição.
"Plano B? O Sena"
O cenário de chuvas abundantes era temido e, antes dos Jogos, diversas obras estão em andamento contra esse risco, como a bacia de Austerlitz, em construção, que permitirá o armazenamento de água da chuva (50.000 m3), e que estará operacional em 2024 .
Mas a World Aquatics, diplomaticamente, alertou contra o excesso de confiança: "devemos continuar a trabalhar com Paris-2024 e as autoridades locais para garantir que existam planos de contingência para o próximo ano".
Um Plano B é possível em algum lugar que não seja o Sena? "Não, o Plano B é o Sena", disse Légaré. "Tenho confiança, trabalho com as autoridades há quatro anos sobre o assunto em Paris e vejo a evolução, vamos conseguir", acrescentou.