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Tensões no mar da China meridional por antigo navio de guerra filipino

Embarcação serviu para abastecer a frente do Pacífico em meio aos bombardeios atômicos contra o Japão durante a Segunda Guerra Mundial

Navio da guarda costeira filipina BRP Malapascua patrulhando perto do navio da marinha encalhado BRP Sierra Madre - Ted Aljibe/AFP

O governo das Filipinas acusou a Guarda Costeira chinesa, no domingo (7), de disparar com canhões d'água contra suas embarcações no disputado mar da China Meridional, incluindo um antigo navio da Segunda Guerra Mundial. Confira abaixo o que se sabe sobre a embarcação.

Qual é sua história?
A antiga embarcação, chamada de "Sierra Madre" - em homenagem à cadeia de montanhas das Filipinas - é o antigo navio de desembarque americano "USS LST-821", que entrou em serviço em 1944.

O navio serviu para abastecer a frente do Pacífico em meio aos bombardeios atômicos contra o Japão em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.

Desativado em 1946 e renomeado como "USS Harnett County", foi posteriormente reativado durante a Guerra do Vietnã como uma base flutuante para helicópteros de combate, de acordo com o Instituto Naval dos Estados Unidos.

No ano seguinte, foi cedido para a Marinha das Filipinas e rebatizado de "Dumagat", até ser renomeado para "Sierra Madre".

Por que está encalhado?
O Exército filipino encalhou o "Sierra Madre", deliberadamente, no atol Second Thomas, também chamado de Ayungin, no final dos anos 1990. O objetivo era conter o avanço da China em águas muito disputadas.

O navio é resguardado por um pequeno grupo de soldados filipinos, que vivem na própria embarcação.

A tática filipina de estabelecer sua presença no banco de areia se deu em resposta à ocupação da China, alguns anos antes, do recife vizinho Mischief, também reivindicado por Manila. Pequim transformou esse recife e outras dessa área em ilhas militarizadas, de modo a fazer valer suas reivindicações nas águas.

O banco de areia Second Thomas, nas Ilhas Spratly, está situado a cerca de 200 km a oeste da ilha filipina de Palawan e a mais de 1.000 km da ilha chinesa de Hainan.

O que acontece nessa área?
A China reivindica quase todo o Mar da China Meridional, que inclui o atol Second Thomas, e inveja centenas de navios para a área para patrulhar suas águas. Ao fazer isso, Pequim ignora uma decisão judicial internacional de 2016 que determinou que sua reivindicação não tem base legal.

As Filipinas afirmam que a Guarda Costeira e os navios da Marinha Chinesa interrompem, regularmente, a navegação de seus navios, assim como as operações de reforço para a pequena guarnição filipina no Second Thomas. A Guarda Costeira filipina teme que a China tente ocupar o atol. Os soldados do navio filipino dependem dessas operações de reforço.

Por que é importante?
O Mar da China Meridional é considerado um barril de pólvora, e muitos temem que um erro de cálculo, ou um acidente pode causar um conflito militar.

As Filipinas estão mal equipadas militarmente, mas estão aplicadas aos Estados Unidos, um aliado de longa data, sob um pacto de defesa mútua assinado décadas atrás.

Os Estados Unidos não têm nenhuma reivindicação territorial sobre essas águas, mas, para desgosto de Pequim, insistem em fazer suas próprias patrulhas, invocando a liberdade de navegação. A área é crucial em termos psicológicos. Nela, bilhões de dólares em trocas comerciais acontecem todos os anos.