SAÚDE

Após lei liberar ozonioterapia, Anvisa reforça que aparelhos são para fins odontológicos e estéticos

Não há equipamentos para outras finalidades médicas, diz a Anvisa em nota

Máquina para ozonioterapia - Reprodução

Depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta segunda-feira (7), a lei que libera a realização da ozonioterapia por todos os profissionais de saúde em território nacional, a Anvisa reforçou as finalidades para as quais os aparelhos têm aprovação no Brasil.

Embora a lei autorize o procedimento como tratamento complementar, sem especificar quais doenças, a agência destacou que, até o momento, somente foram aprovados equipamentos de ozônio para procedimentos na área odontológica e estéticos (auxílio à limpeza e assepsia de pele).

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Não há equipamentos para outras finalidades médicas, diz a Anvisa em nota, porque "não foram apresentadas evidências científicas que comprovem sua eficácia e segurança. A agência diz ainda que novas indicações podem ser autorizadas "desde que as empresas responsáveis apresentem os estudos necessários.

"Destaca-se que a utilização desses equipamentos para finalidades de uso além daquelas previstas nos registros, cuja aprovação é de competência legalmente conferida à Anvisa, (...) constitui infração sanitária", continua.

Uso sem evidências científicas
A nova legislação menciona que apenas equipamentos de ozonioterapia com o aval da Anvisa podem ser utilizados. No entanto, especialistas temem que a liberação para todos os profissionais da saúde, estabelecida pela lei, favoreça o uso indevido dos aparelhos.

Isso porque, na prática, os procedimentos já são facilmente encontrados em anúncios nas redes sociais e clínicas privadas por todo o Brasil, com promessas que englobam tratamento de câncer, melhora do sistema imunológico, terapia para problemas de reprodução, para dores crônicas, infecção pelo HIV, diabetes, entre uma série de outras doenças. 

Por isso, entidades médicas como a Academia Nacional de Medicina (ANM) e a Associação de Médicos Brasileira (AMB) pediram que o presidente Lula vetasse a proposta. Citaram, por exemplo, a falta de evidências científicas que apontem benefícios na técnica para além dos já aprovados pela Anvisa.

Além disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM), em resolução publicada em 2018, estabelece que a ozonioterapia só pode ser realizada pelos médicos em estudos clínicos por ser uma prática experimental e sem comprovação.

Outros conselhos, como o de Farmácia e o de Biomedicina, permitiam a técnica. Porém, por não se enquadrarem nas finalidades determinadas pela Anvisa, também eram, em tese, proibidas.

Em 2018, o Ministério da Saúde chegou a incluir, em decisão controversa, a ozonioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. A pasta afirma que a técnica é restrita à área da odontologia, feita com aparelhos registrados e autorizados pela agência sanitária.