Aracy Balabanian: atriz visitou estação Armênia do Metrô de SP em 1995
Na ocasião, houve a inauguração de uma obra de arte em memória do genocídio armênio, que completava 80 anos naquela época
A atriz Aracy Balabanian, que morreu nesta segunda-feira, aos 83 anos, era filha de exilados armênios em Campo Grande (MS) e jamais abriu mão da memória de sua origem e não esquecia a perseguição sofrida por seus antepassados. Prova disso é que Aracy, a eterna Dona Armênia da novela "Rainha da Sucata", deu uma pausa em sua agenda, no ano de 1995, para visitar a estação Armênia do Metrô, em São Paulo.
Naquele 29 de outubro, a estação inaugurava uma obra de arte assinada por Josely Carvalho na estação. O monumento cravava uma homenagem justamente ao povo armênio. A data marcava os 80 anos do início do genocídio do povo, perseguido pelos turcos. Na ocasião, aracy não vivia mais a "dona Armênia" de Rainha da Sucata, já estava no ar na reta final da novela "A próxima vítima", na qual interpretava a personagem Filomena. A família de Aracy, inclusive, veio ao Brasil refugiada por conta da perseguição turca iniciada formalmente em 1915.
Quem foi Aracy Balabanian?
Natural de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Aracy Balabanian estreou na televisão em 1965 ao protagonizar "Antígona", de Sófocles, numa versão teleteatral pioneira da TV Tupi. Antes disso, a então jovem artista — formada pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP) — se destacou pela atuação nos palcos em espetáculos do grupo Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC. De lá pra cá, ela sempre se dividiu entre os tablados e os estúdios televisivos.
Resistência entre a família
A artista apenas teve a aceitação do pai — a família, oriunda da Armênia, não aprovava sua incursão pelas artes — após estrelar "Antônio Maria" (1968), novela da TV Tupi em que contracenava com Sérgio Cardoso. Filha de imigrantes, Aracy teve a paixão despertada pelo teatro ainda criança, quando já morava em São Paulo e foi levada pelas irmãs mais velhas para assistir a uma peça de Carlo Goldoni com a companhia de Maria Della Costa. "Chorei muito. Estava emocionada porque era aquilo que eu queria. É muito difícil para uma criança de 12 anos, ainda mais naquela época, querer ser atriz e já perceber que ia ter muitas dificuldades", relembrou, ao site "Memória Globo". "Comecei numa época em que não era bonito fazer televisão, nem teatro", acrescentou
Entre os folhetins em que atuou, destacam-se títulos como "Corrida de ouro" (1974), "Bravo!" (1975), "O Casarão" (1976), "Coração alado" (1980), "Locomotivas" (1986), "Rainha da sucata" (1990) — que lhe rendeu sua personagem mais famosa, a mãe super protetora Dona Armênia — e "A próxima vítima" (1995), além do programa infantil "Vila Sésamo" (1972), todos exibidos pela TV Globo.