Ex-vereador Zico Bacana é morto na Zona Norte do Rio de Janeiro
Informação foi confirmada pelo Hospital Albert Schweitzer, para onde ele foi levado
O ex-vereador Jair Barbosa Tavares, conhecido como Zico Bacana, foi baleado na cabeça em Guadalupe, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro que faz parte de sua área de atuação, na tarde desta segunda-feira (7), e morreu.
De acordo com o Hospital Municipal Albert Schweitzer, o ex-parlamentar deu entrada já em óbito, às 17h50. Segundo a Polícia Militar, além do ex-parlamentar, outras duas pessoas foram baleadas. O irmão do ex-parlamentar, Jorge Barbosa Tavares, também morreu.
De acordo com a Polícia Militar, agentes do 41º BPM (Irajá) foram acionados para atender ocorrência de disparos de arma de fogo.
No local, segundo a corporação, um veículo não identificado parou em um estabelecimento comercial e seus ocupantes realizaram disparos contra o grupo de homens, que estava numa loja. O Corpo de Bombeiros foi acionado para atender os baleados na Rua Enéas Martins, em Guadalupe, pouco depois das 17h.
Zico Bacana foi eleito vereador nas eleições de 2016, pelo PHS, ocupando o cargo entre 2017 e 2020. No último pleito, concorrendo pelo Podemos, ficou como suplente. Durante o mandato, ele também levou um tiro na cabeça, mas de raspão, enquanto estava em um bar, em 2020.
Na ocasião, homens saltaram de dois carros e passaram a atirar contra Zico, que reagiu. Seguranças que estavam com ele também atiraram. Peritos encontraram 15 marcas de disparos no carro blindado de Zico, que estava estacionado a poucos metros do bar.
No chão do estabelecimento comercial, foram encontradas 35 cápsulas de munição. Dois homens foram mortos no tiroteio à época. Um deles era Davison Ferreira da Silva, o Da Roça, integrante do tráfico da favela Final Feliz, uma das que formam o Complexo do Chapadão, e teria participado do ataque.
Ouvido no caso Marielle; citado na CPI das Milícias
Em 2008, antes de ser eleito, foi citado na CPI das Milícias como um dos chefes de grupos paramilitares que atuavam na regão de Guadalupe e Ricardo de Albuquerque, mas nunca foi sequer indiciado. Ele também prestou depoimento um mês após a morte de Marielle Franco.
Na época, a DH investigava a presença de milicianos entre seus assessores. Zico e Marielle foram eleitos pela primeira vez em 2015 e ambos ocupavam gabinetes no sétimo andar da Casa na época do crime. Ele sempre negou qualquer relação com o crime.
— Queria que elucidassem esse caso o mais rapidamente possível, para mostrar o verdadeiro autor. Espero que descubram quem fez isso — afirmou Zico Bacana ao sair da delegacia, à época, após 4 horas de depoimento.
Zico Bacana concorreu pela primeira vez a um cargo de vereador em 2008, pelo PSDC, quando não foi eleito, mas ficou com a vaga de suplente.
Já em 2014, concorreu pelo PHS a uma cadeira na Câmara dos Deputados, ocasião em que não foi eleito. As outras tentativas foram para a Câmara municipal: em 2016, foi eleito; já em 2020, ficou como suplente.
Mesmo sem estar ocupando uma cadeira como parlamentar, sua atuação política pela região de Ricardo de Albuquerque, Anchieta e Guadalupe segue sendo compartilhada pelas redes sociais.
No último fim de semana, esteve na entrega de uma obra de revitalização em Guadalupe — nome do bairro estampado até em sua camisa — em que posou para foto com o deputado federal Pedro Paulo. Em uma publicação, também agradeceu ao prefeito Eduardo Paes.
Ex-jogador e policial
Jair Barbosa Tavares virou Zico Bacana por sua paixão pelo futebol — ele é ex-jogador de futebol de salão e vestiu a camisa do Madureira. Antes de entrar para a PM, Bacana trabalhou como mecânico na oficina do pai e foi paraquedista. Ele passou para a reserva remunerada da corporação em 2018, após 28 anos de serviço.
Na Justiça, o vereador foi investigado por agressões em, pelo menos, dois processos. Em um terceiro procedimento instaurado em 2019, após a abertura de inquérito na 30ª DP (Marechal Hermes), Zico Bacana foi acusado de constrangimento ilegal e posse irregular de arma de fogo. Contudo, o MP recomendou a extinção da ação por prescrição do caso.
O seu advogado à época, Alexandre Meireles, amigo do vereador, negou que o parlamentar tenha envolvimento com milícias.