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Ata do Copom: mercado vai buscar pistas sobre os próximos passos do Banco Central

Decisão da última quarta-feira foi dividida, com cinco votos a favor do corte de meio ponto e quatro para redução menor, de 0,25

Foto: Divulgação

Depois de surpreender com um corte de meio ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic, na semana passada, o Banco Central divulga na manhã desta terça-feira (8) a Ata do Copom, com mais detalhes sobre a decisão.

Os investidores do mercado financeiro vão analisar com lupa o texto divulgado, que dará novas pistas sobre o rumo da política monetária.

No comunicado da decisão, o BC já indicou que continuará cortando os juros em doses de meio ponto percentual. A Selic, na última quarta-feira, caiu de 13,75% para 13,25% ao ano.

De acordo com o Boletim Focus divulgado ontem, o mercado agora espera que a taxa básica de juros termine o ano em 11,75%, ou seja, estimando mais três cortes, nas reuniões de setembro, novembro e dezembro.

Uma das novidades da última reunião foi a participação dos dois diretores indicados por Lula, Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino dos Santos. Dos nove diretores que compõem o Comitê de Política Monetária (Copom), cinco votaram pelo corte de meio ponto percentual, e quatro, por um corte de 0,25 ponto.
 

Dúvidas do mercado
Segundo o economista-chefe do G5 Partners, o mercado tem principalmente três dúvidas que poderão ser esclarecidas pela Ata.

— Acho que, primeiro, entender quais foram as justificativas de cada lado na defesa do seu corte de juros. Depois, por que, mesmo com o modelo indicando inflação acima da meta e balanço de riscos equilibrado, era defensável corte de meio ponto. Por fim, por que o risco do arcabouço fiscal saiu do comunicado se não houve nenhum avanço desde a reunião de junho — explicou ele.

A grande surpresa da decisão — além do corte de meio ponto — foi o voto do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que ficou ao lado dos dois diretores indicados por Lula e desempatou a decisão para fazer o corte de meio ponto.

Ao longo deste ano, a manutenção da Selic em 13,75% foi motivo de acirramento na relação entre governo e integrantes da autoridade monetária, com críticas centralizadas em Campos Neto — indicado na gestão de Jair Bolsonaro e o primeiro a dirigir o BC com autonomia operacional regulamentada.