Acidente no Ceará: quais são os equipamentos mais perigosos nas academias? Especialistas respondem
Professores de Educação Física explicam em quais momentos do treino se deve ter uma atenção redobrada
A procura por treinamentos de musculação em academias tem se tornado uma tendência em todo o Brasil. Para se chegar aos efeitos desejados no corpo e na mente é necessário saber como evitar lesões.
No entanto, a utilização de aparelhos ainda que seja feita em um ambiente controlado, com a presença de profissionais, pode apresentar riscos. Como é possível observar no caso do cearense de Regilânio da Silva Inácio, de 42 anos, que teve um deslocamento de vértebras após um acidente com um aparelho de 150 kg.
Quais são os equipamentos que requerem maior cuidado?
O colunista do Globo e profissional de Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP), Marcio Atalla, aponta que os ferimentos em aparelhos de musculação acontecem na maioria dos casos por conta da execução errada dos exercícios ou do excesso de carga.
— Para estar na academia é importante ter uma orientação que saiba executar o movimento e não exagerar na carga, isso é o básico. Praticamente 100% das lesões se dão por isso — esclarece.
Os equipamentos da academia considerados pelo profissional de Educação Física como os mais perigosos para causar acidentes são os de peso livre. Por não serem anexos a máquinas, os halteres, barras e anilhas, geralmente são usados nos exercícios de agachamento, levantamento olímpico e supino (exercício pro peito).
— Os outros aparelhos, de peso "guiado", que são fixos, tendem a oferecer uma segurança maior a quem está utilizando — explica o especialista.
Para o treino com peso livre, geralmente a pessoa precisa trocar a quantidade de kg, o que exige uma escolha acertada de quanto conseguirá aguentar até o fim do treino. Em repetições de três que algumas vezes precisam ser feitas até 12 vezes, o peso em excesso pode se tornar um inimigo. Por isso, ao utilizar esse tipo de equipamento é necessária uma maior atenção.
"Treinar até a falha"
Mas, outro perigo que Márcio aponta é para uma fala muito disseminada entre os frequentadores de academia. A determinação de "treinar até falhar", quando o corpo começa a mostrar sinais de exaustão física, pode gerar diversas consequências negativas aos iniciantes e até mesmo veteranos no ambiente de musculação.
— Sem dúvida nenhuma essa questão de disseminar de fazer até a falha não é baseada em uma verdade. Você pode fazer até muito antes da falha e vai ter um resultado. Esse tipo de fala cria uma pressão para quem está apenas começando, podendo levar a casos como esse do acidente — Márcio comenta.
Para Edson Ramos, professor de Educação Física na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) é recomendado que frequentadores de academias e profissionais dos estabelecimento tenham responsabilidade com a escolha dos pesos, para não gerar o tipo de sobrecarga que causou o acidente no Ceará.
— Esse acidente é um alerta para se ter mais cuidado. Não se pode colocar uma carga acima do que a pessoa suporta, não tem necessidade disso. O corpo humano não pode ser glamourizado, ele precisa ser respeitado, pois tem limites. O papel do profissional e professor é dizer que não precisa — pontua o especialista.