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WhatsApp não pode: bancos nos EUA vão pagar US$ 2,5 bi em multas por discutir negócios em apps

BNP Paribas, Wells Fargo, Citigroup e Goldman Sachs são algumas das instituições financeiras que fecharam acordos com órgãos reguladores

Whatsapp - Alfredo Rivera / Pixabay

A Wells Fargo e o BNP Paribas estão entre as empresas que pagarão centenas de milhões de dólares em multas pelo uso indevido de ferramentas de comunicações não oficiais por seus funcionários, como WhatsApp e textos pessoais ou e-mail para conduzir negócios - a mais recente medida dos órgãos reguladores dos Estados Unidos para reprimir as falhas de Wall Street na manutenção de registros.

As unidades do Wells Fargo concordaram em pagar US$ 125 milhões à Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão regulador do mercado de capitais americano, e o BNP pagará US$ 35 milhões, informou a autarquia nesta terça-feira. Os dois bancos pagarão US$ 75 milhões cada um por violações semelhantes cometidas por seus corretores de derivativos, informou a Commodity Futures Trading Commission (CFTC).

No total, a CFTC anunciou penalidades de US$ 266 milhões, e a SEC disse que as empresas concordaram em pagar US$ 289 milhões. O total de multas para as investigações sobre práticas indevidas de mensagens já ultrapassou US$ 2,5 bilhões, tornando-se um dos maiores esforços de fiscalização dos EUA na última década.

O que começou como uma análise do uso de aplicativos de mensagem pelos operadores se expandiu para uma investigação sobre o uso de qualquer tipo de ferramenta de comunicação no setor financeiro que não permita o registro adequado das negociações. Os fundos hedge e private equity também estão sendo investigados por seu uso de apps de mensagem.

Laurie Kight, porta-voz do Wells Fargo, afirmou em nota que o banco estava satisfeito em resolver o problema. O BNP não quis comentar.

As instituições financeiras são obrigadas a monitorar e salvar escrupulosamente as conversas que envolvam negociações, a fim de evitar condutas impróprias.

Investigações mais difíceis
Os órgãos reguladores afirmam que o uso de ferramentas de mensagens que excluem automaticamente as conversas dificulta significativamente a investigação de irregularidades.

As ações desta terça-feira se seguem a uma série de casos divulgados em setembro passado. Na época, a SEC anunciou US$ 1,1 bilhão em multas contra bancos como Bank of America, Citigroup e Goldman Sachs, enquanto a CFTC disse que as empresas concordaram em pagar US$ 710 milhões em penalidades.

Em maio, o HSBC Holdings e o Scotiabank encerraram as investigações dos órgãos reguladores sobre suas práticas de comunicação com o pagamento de multas de US$ 45 milhões e US$ 22,5 milhões, respectivamente.

Segundo a SEC, sua investigação revelou comunicações feitas fora dos canais oficiais "generalizadas e de longa data". Como parte dos acordos, as instituições financeiras admitiram que seus funcionários haviam usado plataformas como iMessage, WhatsApp e Signal para discutir negócios. As empresas não mantiveram registros suficientes, de acordo com a SEC. A CFTC disse ter encontrado violações semelhantes.

Entre as grandes instituições financeiras que concordaram em fazer acordos nesta terça-feira estão ainda unidades do Bank of Montreal, Mizuho Financial Group e Société Générale.

Um porta-voz do Bank of Montreal disse que a instituição fez "melhorias significativas" em seus procedimentos de conformidade nos últimos anos e ficou satisfeita por ter resolvido a investigação. Mizuho, Société Générale, Houlihan Lokey, Moelis & Company e SMBC Nikko não quiseram comentar. Procurada, a Wedbush Securities não retornou.