investigação da PRF

Agente de inteligência da PRF diz que diretor-geral pediu 'policiamento direcionado' na eleição

Texto enviado por WhatsApp reforçou suspeitas de que Silvinei Vasques, ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal, usou corporação para dificultar a votação de eleitores de Lula

Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) - Divulgação/Arquivo

Coordenador de Análise de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as eleições, Adiel Alcântara disse em mensagem de WhatsApp que o então diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques, preso nesta quarta-feira, pediu “policiamento direcionado” no dia do segundo turno. A mensagem, enviada por Alcântara a um subordinado, reforça as suspeitas da Polícia Federal de que a corporação foi usada para prejudicar eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de outubro passado.

Na mensagem obtida pela PF, datada de 29 de outubro de 2022, Alcântara escreve: “Foram as reuniões de gestão. Disse muita m... Policiamento direcionado”. Seu subordinado então questiona: “DG (o diretor-geral)?”. E o coordenador de Inteligência confirma: “Positivo.” Alcântara estaria se referindo a uma reunião realizada por Vasques dias antes com membros da cúpula da PRF.

Segundo a análise da PF, que desde fevereiro investiga a atuação da PRF no segundo turno da eleição, Alcântara “critica a conduta de Silvinei, afirmando que o mesmo teria falado ‘muita merda’ nas reuniões de gestão, notadamente, ao que parece, determinando ‘policiamento direcionado’, corroborando com os elementos de prova que indicam as ações policiais visando dificultar ou mesmo impedir eleitores de votar”.

A mensagem é um dos elementos de prova contra Vasques submetido pela PF ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no pedido de prisão do ex-diretor-geral. Outros policiais foram alvos de busca e apreensão. Nesta quarta, 47 membros da PRF que participaram de reuniões com Vasques seriam ouvidos pelos investigadores.

Além do mandado de prisão preventiva contra Vasques, a PF cumpriu hoje de manhã dez mandados de busca e apreensão expedidos pelo STF, nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte. Os demais alvos foram:

Wendel Benevides, ex-corregedor-geral;

Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações;

Luis Carlos Reischak, ex-diretor de Inteligência;

Rodrigo Cardozo Hoppe ex-diretor de Inteligência Substituto;

Anderson Frazão, ex-coordenador-geral de Gestão Operacional;

Antonio Melo Schlichting Junior, ex-coordenador-geral de Combate ao Crime;

Bruno Nonato, ex-PRF e hoje na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Segundo a PF, os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal Brasileiro, e os crimes de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato, descritos no Código Eleitoral Brasileiro.