CINEMA

"Asteroid City" não foge à regra do cinema de Wes Anderson; leia a crítica

O filme traz nomes como Scarlett Johansson, Tom Hanks e Margot Robbie no elenco

Filme "Asteroid City" - Divulgação

É fácil identificar a assinatura de Wes Anderson em qualquer uma de suas obras. O humor nonsense, a fotografia colorida em tons pastéis e os cenários que parecem de brinquedo são elementos presentes em filmes como “O Grande Hotel Budapeste” e “A Crônica Francesa”, reapresentados, agora, em “Asteroid City”.

O 11º longa-metragem do diretor norte-americano estreia nesta quinta-feira (10) nos cinemas brasileiros, unindo comédia romântica, drama familiar e ficção científica. A trama é ambientada em uma pequena cidade no meio do deserto dos Estados Unidos, nos anos 1950, quando um grupo de adolescentes geniais e seus familiares chegam para uma competição escolar. 

No roteiro escrito em parceria com Roman Copolla, Anderson bebe das teorias conspiracionistas e paranoias alimentadas pela sociedade norte-americana durante a corrida espacial. A convenção que reúne os jovens prodígios tem o objetivo de celebrar a queda de um meteorito na região há milhares de anos, mas é interrompida pela súbita aparição de um alienígena. Para que a história não vaze, o Exército resolve manter todos isolados na cidade.
 

Quem for ao cinema guiado pela sinopse anteriormente apresentada vai se surpreender logo nos primeiros momentos do filmes. Um apresentador de TV interpretado por Bryan Cranston revela ao público que o que será mostrado em seguida é uma peça teatral chamada “Asteroid City”. A partir de então, as cenas se alternam entre a dramaturgia do espetáculo e os bastidores da tal montagem. A mudança do colorido para o preto e branco, além da narração do apresentador, demarca a transição de um universo para o outro.

Justificada pela própria premissa do filme, o tom teatral é propositalmente empregado no longa, tanto na composição dos figurinos e cenários, como nos trabalhos dos atores. A escalação do elenco, aliás, traz astros e estrelas do porte de Scarlett Johansson, Tom Hanks, Margot Robbie, Willem Dafoe, Steve Carell, Tilda Swinton e Edward Norton. A presença de muitos desses nomes, no entanto, se restringe a uma mera participação de luxo, sem tanta relevância para a trama ou espaço para o aprofundamento de seus personagens.

A peça contada no longa acompanha de perto o fotógrafo de guerra Augie Steenbeck (Jason Schwartzman), que passa semanas escondendo dos filhos a morte da esposa. Em Asteroid City, ele conhece e se envolve com a atriz Midge Campbell (Johansson). Ao redor de um romance pouco caloroso construído entre eles, são pinceladas várias histórias paralelas de outros tantos personagens. O vaivém frenético da narrativa a torna um tanto confusa e, por vezes, enfadonha. 

“Asteroid City” é um filme estranho - como costumam ser todos os trabalhos de Wes Anderson. Não deve agradar a um público mais amplo, mas tem o potencial de fazer bonito diante dos fãs do diretor. Visualmente atraente e inventivo na sua forma, o longa parece se perder no desejo do cineasta de elevar à máxima potência suas premissas cinematográficas. É uma experiência estética de fazer encher os olhos, mas cujo conteúdo deixa muito a desejar.