EUA

Biden proíbe investimentos dos EUA em setores de alta tecnologia da China

Novas restrições intensificam um conflito que põe as duas maiores economias do mundo uma contra a outra

Joe Biden - Jim Watson / AFP

O presidente Joe Biden intensificou o confronto dos Estados Unidos com a China nesta quarta-feira ao assinar uma ordem executiva que proíbe, entre outras medidas, investimentos americanos em indústrias de tecnologia importantes, incluindo inteligência artificial, que poderiam ser usadas para aprimorar as capacidades militares de Pequim. Esta é a mais recente de uma série de medidas que aumentam ainda mais a distância entre as duas maiores economias do mundo.

A ordem proibirá empresas de capital de risco e capital privado de injetar dinheiro nos esforços chineses para desenvolver semicondutores e outros microeletrônicos, computadores quânticos e certas aplicações de inteligência artificial.

Funcionários do governo americano enfatizaram que a medida foi tomada para proteger a segurança nacional dos EUA, mas a China provavelmente a verá como parte de uma campanha mais ampla para conter sua ascensão como primeira potência global.

"O governo Biden está comprometido em manter os EUA seguros e defender a segurança nacional por meio da proteção adequada de tecnologias que são críticas para a próxima geração de inovação militar", disse o Departamento do Tesouro americano em um comunicado. A declaração enfatiza, no entanto, que o governo manteve seu "compromisso de longa data com o investimento aberto", sem o objetivo de interromper negócios legítimos com a China.

Nova 'Guerra Fria'
A nova ordem chega talvez no momento mais tenso da relação EUA-China desde que o presidente Richard Nixon e o secretário de Estado Henry Kissinger iniciaram um diálogo com Pequim no início dos anos 1970. Uma série de controles de exportação em expansão sobre tecnologias-chave para a China já desencadeou a retaliação de Pequim, que anunciou recentemente o corte de metais críticos para a cadeia de suprimentos do Pentágono.

Biden deseja estabilizar as relações com a China após um impasse no estilo da Guerra Fria sobre um suposto balão espião abatido após cruzar o espaço aéreo americano e a descoberta de um amplo esforço chinês para instalar malware em redes elétricas e sistemas de comunicação americanos. Numa tentativa de reaproximação com Pequim, o presidente enviou o secretário de Estado Antony Blinken, a secretária do Tesouro Janet Yellen e outras autoridades americanas para reabrir as comunicações nos últimos meses. Gina Raimondo, secretária de Comércio, deve ir à China nas próximas semanas.

Um outro ponto de fricção entre os dois países é a questão da ilha democrática autônoma de Taiwan. Em abril, a situação atingiu o ponto mais grave quando a China organizou exercícios militares na região, com simulação de um cerco total a Taiwan e uso de munição real, após a visita da presidente do governo autônomo da ilha, Tsai Ing-wen, a Washington. No ano passado, os chineses responderam do mesmo modo à ida da então presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taipé.