Campos Neto é ouvido por senadores após queda da taxa básica de juros
Banco Central anunciou na semana passada o primeiro corte da taxa básica de juros desde agosto de 2020
Uma semana após o anúncio da redução da taxa básica de juros de 13,75% para 13,25%, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, explica no Senado Federal o embasamento técnico para essa decisão. A audiência com o chefe da autarquia monetária ocorre durante esta manhã.
O Banco Central anunciou na semana passada o primeiro corte da taxa básica de juros desde agosto de 2020;
Em uma reunião divergente entre os diretores do Comitê de Política Monetária (Copom), o corte foi de 0,5 ponto percentual, acima da expectativa majoritária de mercado (de 0,25);
Os juros foram mantidos no patamar de 13,75% por um ano, desde agosto de 2022, ou sete reuniões seguidas;
Já a última queda havia acontecido em agosto de 2020, no primeiro ano da pandemia, quando a taxa passou de 2,25% para 2%.
Ao longo deste ano, a manutenção da Selic em 13,75% foi motivo de acirramento na relação entre governo e a autoridade monetária, com críticas centralizada ao presidente do BC, Roberto Campos Neto - indicado na gestão de Jair Bolsonaro e o primeiro a dirigir o BC com autonomia operacional regulamentada.
Um grupo de partidos da base do governo Lula chegou a pedir em junho uma “investigação” de Campos Neto “pela manutenção” da taxa de juros em 13,75%. A decisão sobre juros, contudo, é tomada em colegiado com votos de nove integrantes.
A defesa da queda de juros também foi expressada por lideranças do Congresso. Em abril, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que o Banco Central já poderia sinalizar a redução na taxa básica de juros a partir de um ambiente "propício" com a nova âncora fiscal e outras reformas em curso. Essa sinalização veio em junho.
A agenda de hoje, com Campos Neto, faz parte da lei de autonomia de 2021, que determina ao presidente do BC a necessidade de apresentação, por semestre, de dois relatórios: a dinâmica de inflação e estabilidade financeira.
Um movimento que deve acalmar o acirramento entre a ala política do governo e o Banco Central foi o fato do chefe da autarquia ter acompanhado os votos dos dois diretores indicados por Lula ao BC, na decisão de corte da Selic em 0,50 ponto.
Gabriel Galípolo (diretoria de Política Monetária) e Ailton de Aquino (diretoria de Fiscalização) entram na cúpula da instituição em julho, após aprovação dos nomes pelo Senado.