Se governo atingir metas fiscais 'com certeza' haverá juros mais baixos e estáveis, diz Campos Neto
Para o próximo ano, o objetivo é zerar o déficit em 2024 e posteriormente atingir saldo positivos
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, argumentou nesta quinta-feira que a taxa básica de juros necessariamente vai atingir um nível baixo se o governo federal conseguir cumprir com os compromissos de controle das contas públicas nos próximos anos.
O arcabouço fiscal, que aguarda aprovação final da Câmara dos Deputados, foi anunciado com metas para o país atingir superavit na dívida primária - que trata do balanço de despesas e receitas, sem considerar os gastos com os juros da dívida pública. A espinha dorsal da regra fiscal é estabelecer uma banda de gastos acima da inflação que varia de 0,6% a 2,5%.
— Estou de acordo que a gente precisa agora correr atrás de um equilíbrio fiscal. O plano que foi desenhado, se a gente atingir as metas fiscais, a gente também vai atingir com certeza um juro mais baixo e mais estável para frente — diz o presidente do BC, em sessão com senadores nesta quinta-feira.
Na audiência no Senado, Campos Neto afirmou que o Banco Central fez ‘pouso suave’ com combate à inflação, sem grande prejuízo ao crescimento econômico e geração de empregos. Também falou que a discussão sobre o rotativo do cartão de crédito está sendo ‘encaminhada’ para extinção da modalidade.
Para 2023, a meta de resultado primário varia de -0,25% a -0,75% do PIB. Para o próximo ano, o objetivo é zerar o déficit em 2024 e posteriormente atingir saldo positivos. Para isso, o governo precisa de uma adicional de receita na casa de R$ 100 bilhões e está trabalhando em medidas garantir esse aumento.
— É muito fácil falar que é importante cortar gastos de uma forma muito radical, mas a gente tem que entender que tem uma parte dos gastos indexada, muito difícil de ser atacada. É importante, ao longo do tempo, criar medidas para que a gente consiga ter estabilidade fiscal, sem precisar ter aumento de receita, porque a gente tem um nível de tributação já bastante alto — avalia Campos Neto.