Assassinato no Equador

Seis suspeitos presos por assassinato de Villavicencio são colombianos, diz jornal

A polícia equatoriana anunciou nesta quinta-feira (10) seu primeiro resultado após a morte do candidato presidencial

Fernando Villavicencio, candidato presidencial do Equador que foi morto a tiros - Rodrigo Buendia / AFP

A prisão de seis colombianos é a primeira conquista das autoridades equatorianas após o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, ocorrido nesta quarta-feira (9), informou o El País.

 Até então, sabia-se que os seis suspeitos haviam sido detidos pela Polícia Nacional, mas a nacionalidade dos homens não havia sido informada, sendo referidos apenas como "estrangeiros" pelo ministro do Interior, Juan Zapata.

Segundo o jornal, os seis homens, supostamente ligados a um grupo de crime organizado sem denominação até o momento, haviam sido presos há um mês por outros crimes. No processo judicial que se seguiu, o tribunal não lhes impôs prisão preventiva, mas exigiu que comparecessem periodicamente à Justiça.

No entanto, os homens não compareceram a uma audiência obrigatória marcada para 2 de agosto, e por isso, nesta quarta-feira, apenas duas horas antes do assassinato de Villavicencio, os tribunais emitiram mandados de prisão contra eles. Foragidos por esse outro caso, a polícia os prendeu depois de realizar várias incursões no sul de Quito.

— Em várias incursões no setor Conocoto e no sul da cidade, foram detidos seis indivíduos: Andrés M., José N., Adey G., Camilo R., Jules C., Jhon R., todos estrangeiros — disse o ministro do Interior em entrevista coletiva nesta quinta-feira.

A polícia também encontrou na posse dos homens um fuzil com dois pentes, uma submetralhadora, quatro pistolas, três granadas, quatro caixas de munição, duas motocicletas e um veículo com queixa de furto.

Um outro suspeito foi morto, na madrugada de quarta para quinta-feira, em Quito, durante troca de tiros com a polícia, segundo autoridades equatorianas. Mais cedo, a informação que circulava nas redes sociais era de que o suspeito havia sido morto na prisão.

Logo após o assassinato, membros da facção criminosa Los Lobos assumiram a responsabilidade pelo assassinato de Villavicencio. "Toda vez que políticos corruptos não cumprem suas promessas quando recebem nosso dinheiro, serão demitidos", afirma um integrante não identificado, em áudio divulgado nas redes sociais.

Villavicencio e Moïse
A prisão dos seis homens lembra a participação de outros colombianos em outro assassinato na região. Trata-se do caso do presidente haitiano, Jovenel Moïse, morto em julho de 2021.

Na ocasião, foram presos 19 ex-soldados colombianos, parte de um grupo de 22 que inicialmente viajou para a República Dominicana. Os três restantes morreram em uma operação da polícia haitiana.

Os detidos enfrentam atualmente processos judiciais no país caribenho. Na investigação, ficou claro que se tratava de um grupo de mercenários, no qual apenas os líderes sabiam do objetivo final, enquanto os membros de nível inferior acreditavam que estavam indo trabalhar na República Dominicana como uma equipe de segurança privada.

Após décadas de guerra interna, a Colômbia tem o segundo maior Exército da região, logo atrás apenas do Brasil, e o mais experiente em operações reais. Também há dezenas de ex-guerrilheiros, ex-paramilitares ou membros de grupos criminosos ligados principalmente ao tráfico de drogas.

Isso gerou uma indústria de mercenários colombianos que varia desde atividades legais, como ex-militares aposentados que fornecem serviços de segurança em países árabes, até casos de assassinato por encomenda.