Planalto começa a ouvir candidatos à vaga de Aras, e Padilha se reúne com cotados para a PGR
Jantares em Brasília aproximam ministro de Lula e possíveis substitutos do atual procurador-geral da República
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem dedicado parte da agenda a representar o Palácio do Planalto nas conversas com os candidatos a procurador-geral da República e já se reuniu com três cotados para o posto. O encontro mais recente ocorreu na noite de quarta-feira (9). Ao lado de três assessores, o responsável pela articulação política esteve com o subprocurador-geral Paulo Gonet Branco, visto como favorito ao cargo. Gonet aproveitou o jantar para apresentar suas ideias sobre a condução do Ministério Público Federal (MPF), tema sensível ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Antes, Padilha já havia se encontrado com outros dois postulantes: o subprocurador-geral Mario Bonsaglia e o subprocurador Antonio Carlos Bigonha. Bonsaglia integra a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Lula, no entanto, tem indicado que não vai adotar o mecanismo como critério de seleção. O mandato de Augusto Aras, à frente do cargo atualmente, termina em 26 de setembro.
Auxiliares têm levado a Lula informações de cada um dos candidatos, com listas de prós e contras de cada um. O presidente deve passar a receber os postulantes ao cargo para conversas a partir de setembro.
O Globo apurou que, no jantar entre Padilha e Gonet, ocorreu uma conversa em que o subprocurador-geral pôde falar sobre a sua visão a respeito da atuação de um procurador-geral da República. Não foram tratados temas específicos, tampouco houve o caráter de “sabatina informal”.
Gonet é subprocurador-geral da República e vice-procurador-geral Eleitoral. Ele foi o autor de um parecer que ajudou a sacramentar a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Integrante do MPF há 36 anos, tem a simpatia e o apoio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, de quem já foi sócio. Gonet tem se mantido discreto e não se coloca ativamente como candidato — um aceno ao procedimento que vem sendo adotado por Lula.
Ao Globo, integrantes da PGR afirmam que há a expectativa de que, nos próximos dias, Padilha também converse com a primeira colocada da lista tríplice da ANPR, a subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen.
Os postulantes ao cargo de novo procurador-geral também têm tido conversas com outros ministros de Lula, como Rui Costa (Casa Civil), Flávio Dino (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) — este é o núcleo que será consultado sobre a decisão. A definição, no entanto, será em caráter pessoal, de acordo com os ministros.
Com apoio de alas do PT e de parte do entorno de Lula, Aras também vem articulando uma possível recondução — o sucesso da iniciativa, no entanto, é visto como improvável. Nos próximos dias, ele lançará um livro em que abordará a própria gestão e buscará se defender das acusações de que se omitiu durante a pandemia e protegeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Apesar da corrida contra o relógio, Lula tem sinalizado que não tem pressa para fazer a escolha para a PGR. Caso o mandato de Aras vença sem que o seu sucessor seja indicado, assumirá o cargo o vice-presidente do Conselho Superior do MPF. No próximo dia 5, como mostrou O Globo, uma eleição para a escolha do nome será feita. Tudo indica que concorrerá apenas uma candidata: a subprocuradora-geral Elizeta Paiva.