Novo PAC é inflado com obras em andamento e já previstas, financiamentos e investimento privado
Setor privado responderá por 36% dos investimentos do programa
Lançado nesta sexta-feira (11) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um megaevento no Rio, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem suas previsões infladas por investimentos privados e obras já em andamento ou previstas e que provavelmente ocorreriam com ou sem o novo programa.
O governo anunciou um total de investimentos de R$ 1,7 trilhão — sendo R$ 1,4 trilhão até 2026, fim do mandato de Lula. Desse valor, R$ 612 bilhões são decorrentes de investimentos privados, de acordo com a Casa Civil da Presidência da República.
Além dos investimentos privados, há R$ 362 bilhões em financiamentos. São, por exemplo, R$ 160 bilhões de financiamento habitacional com recursos da poupança, o que já ocorre há décadas.
Esse financiamento faz o eixo de obras em cidade ter a maior parte dos investimentos (R$ 609,7 bilhões no total). Esse eixo há obras do Minha Casa Minha Vida e empreendimentos de mobilidade urbana, como obras de BRTs e metrôs.
Na lista de obras do PAC há também investimentos que serão feitos por conta de concessões já feitas por outros governos. São R$ 50,8 bilhões em investimentos em rodovias para concessões existentes, de acordo com dados do próprio governo.
Esse mesmo expediente se repete em outras áreas, como ferrovias, portos e aeroportos . O recém-concedido aeroporto de Congonhas (SP), por exemplo, está na lista de investimentos do PAC, assim como o aeroporto de Jacarepaguá — ambos licitados no ano passado.
Parte dos investimentos previstos na implementação do 5G, cujo leilão ocorreu no fim de 2021, também está na lista, assim como as obrigações de as operadoras investirem em redes 4G nas estradas.
No setor de energia (o que inclui eletricidade, petróleo e gás), são R$ 540 bilhões. Parte disso é formada por obras de transmissão de energia já licitadas e empreendimentos de geração em andamento. Além disso, há R$ 335,1 de petróleo e gás, sendo quase todo formado por investimentos da Petrobras já incluídos em seu plano estratégico.
No eixo de defesa, com R$ 52,8 bilhões, há praticamente apenas projetos conhecidos, como a compra de caças pela Força Aérea e a construção de um submarino nuclear pela Marinha.